Adriane Laste
Até que ponto podemos celebrar?
O Brasil ainda enfrenta grandes desafios. Acervos desatualizados e sem diversidade, pouco incentivo à leitura nas escolas, falta de adesão, carência de bibliotecários ou profissionais capacitados, ausência de investimento e o fechamento de bibliotecas públicas - ou até mesmo a necessidade de equipá-las do zero, como no caso de muitas no estado do Rio Grande do Sul após a enchente de 2024 - são alguns dos fatores que agravam esse cenário.
Segundo a edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no país.
Além de um acervo diversificado, para um país ser leitor, a população precisa ter acesso aos livros.
Mais de 30% dos leitores utilizam o sistema de empréstimo de livros, mas onde estão as nossas bibliotecas públicas ou espaços de leitura?
Dados do Censo Escolar de 2023, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelam que mais da metade das escolas públicas do país não têm bibliotecas.
É essencial criar espaços de leitura que incentivem a prática e estejam sempre abertos para receber os alunos.
As bibliotecas também poderiam ajudar a suprir uma necessidade criada com a proibição do uso dos celulares nas escolas. Sem o celular como distração nos intervalos, a biblioteca pode se tornar um refúgio de aprendizado e descoberta, aproximando os alunos dos livros e fortalecendo o hábito da leitura.
Diante desse contexto, encontramos excelentes iniciativas de professores e bibliotecários, mas esse número ainda é muito pequeno em comparação ao potencial que temos para investir em leitura, conhecimento e educação.
Em 2025, o Rio de Janeiro foi reconhecido como a Capital Mundial do Livro, tornando-se a primeira cidade de língua portuguesa a receber este título, concedido pela Unesco.
E um novo movimento surgiu: os “pontos de leitura”. Em algumas comunidades, encontramos livros disponíveis em paradas de ônibus ou em estantes comunitárias, onde as pessoas podem deixar e levar livros.
Há uma imensa força de vontade de alguns, e existem lindas iniciativas que merecem ser incentivadas, mas ainda há muito a ser feito.
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