Marcus Suliani
Estive no South by Southwest (SXSW), realizado em março, em Austin (EUA), e que, mais uma vez, agregou grandes reflexões para o mundo dos negócios. Entre tantas abordagens, a inteligência artificial esteve no centro dos debates, pautando boa parte das conversas.
Está claro que a IA deixou de ser apenas uma inovação tecnológica isolada e passou a reconfigurar a dinâmica das empresas como um todo, transformando modelos operacionais, influenciando decisões estratégicas, acelerando ciclos de desenvolvimento de produtos, redefinindo estruturas organizacionais e mudando a forma como empresas criam, entregam e capturam valor no mercado.
Dados da McKinsey, deste ano, mostram que a IA possui o potencial de adicionar US$ 13 trilhões à economia global até 2030. Já o Fórum Econômico Mundial aponta que 92 milhões de empregos serão automatizados até 2030, mas 170 milhões de novas oportunidades serão criadas. A projeção ajuda a desqualificar o discurso de que a ferramenta surgiu para apenas automatizar o mercado de trabalho, que está se adaptando e anseia por profissionais flexíveis e dinâmicos, capazes de desaprender e reaprender.
Já é perceptível o declínio no uso tradicional de buscadores como o Google, pois muitas pessoas estão recorrendo diretamente a ferramentas de IA para obter respostas. Assim, essas ferramentas buscam informações em diversas fontes, como Wikipedia, Reddit, sites confiáveis e relatórios.
Os principais transformadores generativos de hoje foram treinados com pelo menos três trilhões de palavras - o que equivale ao dobro das palavras disponíveis na Biblioteca de Oxford, que coleta manuscritos desde 1602. Hoje, 99% do conhecimento humano já está incorporado nos principais modelos de linguagem do mercado.
E ainda é possível avançar. Segundo Ian Beacraft, menos de 1% dos dados corporativos estão sendo aproveitados para treinar modelos de IA. Assim, a automação de dados, processos, guidelines de marca e outros dados pode se tornar um grande valor, permitindo ganho de escala às organizações, além de melhorias nos quesitos privacidade e segurança. Em meio a tantas adaptações, as empresas que melhor compreenderem como colocar em prática esses fenômenos serão as líderes da transformação. De que lado sua empresa estará?
CEO da TRINCA