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Publicada em 02 de Abril de 2025 às 15:14

"Ainda Estou Aqui" mostra força do mercado

Pedro Anselmo Zanella Carra, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e sócio-proprietário da Hug Engenharia

Pedro Anselmo Zanella Carra, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e sócio-proprietário da Hug Engenharia

Arquivo pessoal/Divulgação/JC
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Pedro Anselmo Zanella Carra
Pedro Anselmo Zanella Carra
O triunfo de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional marca um momento histórico para o cinema brasileiro, destacando-se não só pela qualidade artística, mas também por sua independência financeira. Enquanto a maioria das produções nacionais depende de incentivos estatais, o filme foi inteiramente financiado pelo setor privado, demonstrando que a criatividade e o sucesso podem ser impulsionados pelo mercado.
A indústria cinematográfica global opera sob princípios do livre mercado. Hollywood não domina o setor por meio de subsídios governamentais, mas porque estúdios investem no que acreditam ter potencial de retorno. No Brasil, o modelo predominante onera o contribuinte e incentiva produções voltadas a cumprir burocracias, e não a atrair público.
Pesquisa da Ancine de 2023 revelou que os filmes nacionais representaram apenas 3,2% da audiência, um declínio de 84,6% em relação a 2019. A tentativa de impor essas produções ao público resultou na Cota de Tela, que obriga cinemas a exibir filmes nacionais, muitas vezes para salas vazias e prejuízo dos exibidores.
A vitória de Ainda Estou Aqui reforça que a cultura pode prosperar sem amparo estatal. O sucesso de uma obra é determinado pelo público, e não por políticas de financiamento. Casos internacionais como Parasita e Coda provam que produções independentes podem triunfar sem depender de recursos públicos.
Walter Salles, diretor do filme, é um dos cineastas mais ricos do mundo. Alguns argumentam que sua fortuna facilitou a produção sem incentivos estatais, mas o essencial é que o capital foi investido sob risco, premiando a qualidade e a viabilidade econômica, em vez de seguir critérios políticos.
Ainda cabe uma reflexão. Será que o ex-presidente Bolsonaro apoiaria um filme com viés mais socialista e financiaria esse filme? Da mesma forma, o atual governo apoiaria um filme com viés de centro-direita? A resposta é uma só: não.
Da mesma forma que o setor privado tem capacidade de financiar a cultura, a sociedade também tem capacidade e discernimento para escolher quais histórias deseja consumir, de forma que prevalecerá aquela que mais lhe agrada, e não a que mais recebe incentivo público fiscal. Que essa conquista inspire novas produções, estimule o investimento privado e fortaleça o cinema como um pilar estratégico da economia nacional.
Associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e sócio-proprietário da Hug Engenharia
 

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