Júnia Maria de Sousa Lima Galvão
O crescimento da população 60 e, consequentemente, sua participação no meio corporativo, cria um jogo de ganha-ganha: os jovens profissionais se beneficiam da rica mentoria dos mais experientes, enquanto os maduros aprimoram suas habilidades ao interagir com a geração nativa digital. Nem toda empresa está ciente - e preparada - para esse cenário, mas a matemática do intercâmbio geracional é positiva para as companhias.
A idade não deveria ser critério classificatório de contratação. Na MRV, cerca de 16% dos colaboradores estão acima dos 50 anos. Muitos deles entraram como estagiários e hoje somam mais de 20 ou 30 anos de casa. São décadas de imersão, detectando e solucionando problemas, desenvolvendo ideias e contribuindo com a evolução do setor. Os outros 84% dos funcionários - muitos deles recém-formados - têm o privilégio de beber direto dessa fonte, por meio de programas de mentorias.
Assim como em um jogo, a carreira profissional também atravessa fases. Alguém prestes a se tornar líder de uma equipe, por exemplo, pode receber conselhos de quem está ou já esteve naquela posição. Cria-se um ambiente geracionalmente harmonioso e é bom que seja assim. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que 57% da força de trabalho no Brasil será composta por indivíduos com mais de 45 anos até 2040. No mundo afora, o vento sopra para a mesma direção.
Os números refletem a importância dessa categoria para as empresas e revelam uma disposição juvenil de trabalhar por parte deles. Isso vale, inclusive, para os idosos, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são pessoas acima dos 60 anos. Em 2022, a MRV realizou o Programa 60 , no âmbito do Dia Internacional da Pessoa Idosa, para triplicar o número de corretores autônomos nessa faixa etária. A adesão foi um sucesso!
É uma questão de sobrevivência corporativa: a geração prateada movimenta cifras milionárias na economia e, segundo o IBGE, representará 31% da população até o final deste ano. Os profissionais seniores têm, além da técnica, a vantagem comportamental. Eles tendem a ser mais agregadores, o que reforça a cultura colaborativa entre os funcionários. E um bom trabalho em equipe, heterogênea e engajada, é o que leva uma empresa a avançar com força para seus anos prateados.
Diretora-executiva de Administração e Desenvolvimento Humano da MRV&CO