Alexandre Garcia
Celebra-se neste 20 de março o Dia Internacional da Felicidade. Instituída pela ONU em 2012, a data destaca a importância da Felicidade Interna Bruta (FIB), conceito criado na década de 1970 pelo então rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck. O FIB propõe uma métrica alternativa ao PIB, considerando que o desenvolvimento não pode ser medido apenas pelo crescimento econômico, mas também pelo bem-estar da população.
O PIB, ao longo do último século, consolidou-se como principal indicador de progresso de um país, um Estado ou cidade, associando crescimento econômico à prosperidade. No entanto, essa correlação não se sustenta. Países com altos PIBs frequentemente enfrentam desigualdade, degradação ambiental e altos níveis de estresse. Diante desse cenário, o FIB surge como alternativa ao considerar nove dimensões: bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, educação, cultura, governança, ecologia, padrão de vida e vitalidade comunitária.
A experiência do Butão inspira reflexões globais e já foi tema de inúmeras reportagens. Países desenvolvidos vêm adaptando métricas semelhantes à sua realidade. No Brasil, por exemplo, cidades com maior PIB nem sempre apresentam os melhores índices de qualidade de vida. Isso demonstra que o crescimento econômico, isoladamente, não garante bem-estar. Políticas voltadas à educação, saúde e meio ambiente impactam diretamente a percepção de felicidade da população.
No setor privado, o conceito de FIB também se aplica. Empresas que priorizam o bem-estar dos funcionários, promovendo equilíbrio entre vida pessoal e profissional, tendem a ser mais produtivas e inovadoras. Além disso, políticas de responsabilidade social e ambiental agregam valor às marcas e incentivam um modelo econômico mais sustentável.
Embora calcular a FIB seja um desafio, sua essência deve orientar políticas públicas e iniciativas empresariais. A felicidade não é um objetivo abstrato, mas um indicativo real de progresso. Em um mundo com desafios sociais e ambientais crescentes, complementar o PIB com o FIB pode ser um caminho para um futuro mais justo e equilibrado.
Neste Dia Internacional da Felicidade, é essencial refletirmos sobre o verdadeiro sucesso de uma sociedade. O crescimento econômico deve estar aliado ao que realmente importa: a sustentabilidade, a qualidade de vida e o bem-estar de todos.
Palestrante e consultor, autor do livro "Entendendo o mindset do futuro"