Alexandre Galana Jr.
A urgência dos desafios ambientais, sociais e econômicos cresce no Brasil. Segundo estudo divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), a taxa de reciclagem no País saltou de 3,5% para 8%, longe do ideal. A logística reversa e a economia circular se completam e criam oportunidades para mudar esse cenário.
A logística reversa recupera materiais descartados e os reintegra aos ciclos produtivos. Já a economia circular elimina o conceito de "lixo", transformando resíduos em recursos reutilizáveis. Iniciativas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) reforçam essa missão em diferentes setores.
Porém, o estudo revelou que o Brasil produziu 80 milhões de toneladas de resíduos em 2023, mas 69 milhões não foram reciclados, indo para aterros e lixões. Os lixões, que deveriam ter sido eliminados até agosto de 2024, evidenciam o atraso no cumprimento de metas.
A integração entre logística reversa e economia circular traz inúmeros benefícios. Na economia, a reintegração de materiais reduz custos com extração, processamento e transporte. Empresas que apostam nessa abordagem inovam seus portfólios de produtos e atendem a metas públicas de ESG e consumidores.
Ao investir nessas duas frentes, geramos empregos. A reciclagem pode gerar renda adicional para cooperativas de catadores, um grupo ainda invisível para a sociedade. Cooperativas conseguem aumentar a remuneração de seus cooperados, promovendo inclusão social e impulsionando economias locais.
Embora a reciclagem tenha crescido 4,5%, o Brasil ainda precisa avançar. O investimento na economia circular é fundamental para diminuir os resíduos em aterros e preservar os recursos naturais. Barreiras como custos operacionais elevados, desigualdade na infraestrutura das regiões e a baixa conscientização dos consumidores continuam a dificultar a implementação das iniciativas.
Integrar práticas de logística reversa e economia circular é uma chance para o País se destacar no cenário sustentável global, aproveitando oportunidades inexploradas. É essencial focar na eficiência das cadeias produtivas, na valorização dos profissionais da reciclagem e na preservação ambiental. Aproximar empresas e governos em um objetivo comum: um modelo econômico mais adequado ao desenvolvimento de cadeias sustentáveis, alinhado às demandas regulatórias crescentes.
Diretor Executivo da Associação Brasileira de Logística Reversa (Abelore)