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Publicada em 10 de Março de 2025 às 13:04

Conflitos geracionais na empresa familiar

Guilherme Abdala
Sócio na Evermonte Executive Search

Guilherme Abdala Sócio na Evermonte Executive Search

Evermonte/Divulgação/JC
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Guilherme Abdala
Guilherme Abdala
Se apenas 30% das empresas familiares chegam até a terceira geração, em grande parte é devido aos conflitos geracionais, ou seja, ao modo como a própria família conduz possíveis choques de visões entre fundadores e potenciais sucessores.
Não é raro ouvir um fundador dizer: "Foi assim que construímos nossa empresa. Por que mudar agora?". Por outro lado, a nova geração muitas vezes questiona: "Por que continuar como sempre fizemos, se o mercado já mudou tanto?".
A tensão vai além de simples divergências de estilo de gestão ou perspectivas de carreira. Não raro, ela reflete a complexidade da transição de liderança. Para os fundadores, abrir mão do controle pode ser uma das tarefas mais difíceis de sua trajetória. Afinal, geralmente a empresa representa mais do que o negócio propriamente dito. Não à toa, muitos hesitam em passar o bastão, temendo que as mudanças propostas pela nova geração coloquem em risco aquilo que construíram. Já os sucessores, ansiosos por inovação, frequentemente enfrentam o desafio de conciliar suas visões modernas com as tradições que ainda moldam a cultura da empresa.
Essa dualidade, embora complexa, também carrega um potencial transformador. O que muitas vezes parece ser um "choque de visões" pode, na verdade, se tornar um encontro poderoso entre tradição e modernidade. Enquanto os fundadores trazem a sabedoria do que funcionou no passado, os sucessores apresentam novas ideias para responder aos desafios do futuro. O segredo está em perceber que essas visões não precisam ser opostas. Quando bem alinhadas, elas podem se tornar complementares, criando um equilíbrio essencial para a longevidade da organização.
Superar o conflito geracional exige, antes de mais nada, diálogo. Fundadores e sucessores precisam construir confiança e entender que o objetivo é comum: garantir o sucesso da empresa a longo prazo. Para isso, é fundamental criar espaços onde essas conversas possam acontecer de forma aberta e produtiva. É no compartilhamento de visões que ambos os lados podem encontrar pontos em comum.
Transições nunca são fáceis, mas carregam um potencial único. Quando gerações diferentes decidem se ouvir, o futuro da empresa deixa de ser uma fonte de incerteza e passa a ser uma oportunidade. É nesse equilíbrio, entre raízes profundas e visões inovadoras, que organizações constroem um verdadeiro legado.
Sócio na Evermonte Executive Search
 

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