Greice Carvalho
Janeiro é um mês de recomeços. É a página em branco onde depositamos nossos sonhos, metas e resoluções. Mas, entre listas e compromissos, será que estamos lembrando do mais importante? O Janeiro Branco nos convida a refletir sobre algo essencial: nossa saúde mental.
Assim como procuramos um médico ao perceber dores ou alterações no corpo, precisamos entender que cuidar da mente é um ato de coragem e autocuidado. Nossas emoções, fragilidades e fortalezas fazem parte de quem somos, e reconhecer isso é o primeiro passo para viver de forma mais equilibrada e saudável.
A pandemia nos trouxe muitos desafios, expondo feridas que, às vezes, ignorávamos ou sequer percebíamos. Ansiedade, tristeza persistente, pensamentos intrusivos, cansaço inexplicável - sintomas que, muitas vezes, deixamos passar - podem ser alertas de que algo precisa de atenção. É importante lembrar: sentir não nos define. Ter sintomas depressivos não significa "ser a depressão"; viver um momento de ansiedade não nos rotula. No entanto, esses sinais pedem cuidado e, muitas vezes, apoio profissional.
O sofrimento mental, em muitos casos, transborda para o corpo: insônia, dores inexplicáveis, mudanças no apetite ou na energia. É um lembrete de que mente e corpo são inseparáveis, e tratar um problema pode exigir uma abordagem interdisciplinar, unindo médicos, psicólogos e outros profissionais da saúde.
Se, por um lado, avançamos ao abrir espaço para falar sobre saúde mental, ainda enfrentamos a psicofobia - o preconceito contra transtornos mentais. A vergonha de admitir sofrimento, o medo do julgamento ou da dependência de medicação ainda afastam muitos de buscar ajuda. Precisamos mudar essa realidade.
Cuidar de si é um ato de amor. Cuidar do outro é um ato de empatia. Este janeiro, ou em qualquer época do ano, lembre-se: ouvir, acolher e apoiar são ferramentas poderosas. Não minimize a dor de alguém e, se for você quem sofre, busque ajuda. Sua saúde mental importa - hoje e sempre.
Docente de Psicologia da Estácio Porto Alegre