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Publicada em 11 de Dezembro de 2024 às 09:00

Uma nova era do agro: democratização tecnológica e desintermediação financeira

Lucas Tuffi, sócio e CSO da Agrotools

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Agrotools/Divulgação/JC
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Lucas TuffiA tecnologia é certamente uma das principais responsáveis pela disrupção que vivemos atualmente, transformando literalmente todos os setores - inclusive os fundamentais e tradicionais, como o agronegócio. Sua influência constrói e fortalece diversas tendências de mercado, revolucionando a maneira como as informações são coletadas, armazenadas, compartilhadas e utilizadas. Em outras palavras, esse cenário pode ser caracterizado como um movimento de democratização. Tudo o que era inacessível, seja pelos preços elevados, falta de oferta em larga escala, geografia ou escassez, agora pode ser acessado com poucos cliques. O motivo por trás disso? A desintermediação de relações, que abrange desde o mundo dos negócios até as interações pessoais. Esse conceito surgiu no setor financeiro, quando as empresas passaram a buscar uma expansão baseada na comercialização de inteligência de dados, de modo que os clientes pudessem adquirir produtos sem grandes intermediários ou estruturas robustas. A XP Investimentos e o Nubank, por exemplo, são alguns dos nomes mais famosos que democratizaram o mercado de capitais e o acesso ao sistema bancário para milhões de pessoas. A incorporação de tecnologias como blockchain, computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) feita por essas e outras marcas do segmento começou a criar uma conexão direta entre as partes envolvidas, o que refletiu diretamente no aumento da sua cadeia de valor.O próprio crescimento das negociações “peer-to-peer” (P2P), muito comum no ecossistema de criptomoedas, que consiste em transações diretas entre os usuários, sem o intermédio de uma terceira parte, também ressalta essa tendência global, encabeçada principalmente pelas bolsas de valores. Gigantes da categoria, como B3, London Metal Exchange (LME), New York Stock Exchange, Tokyo Stock Exchange e até Exchanges de Cripto ativos, já aderem fortemente a esse tipo de modus operandi, e de acordo com dados de mercado, já têm parte relevante de suas receitas oriundas da venda de inteligência de dados, algumas já superam a marca de 50% de suas receitas nesta modalidade.Mas o que isso significa para o agronegócio? Neste cenário de democratização tecnológica e empoderamento de negócios por meio de tomadas de decisões menos intermediadas, o agronegócio vem buscando utilizar as novas soluções digitais para gerar mais oportunidades de inovação e rentabilidade. Inclusive, esse objetivo está altamente relacionado à sua aliança com o setor financeiro, uma vez que a desintermediação dos seus diversos processos diminui a dependência de “brokers”. O financiamento de operações para bancos, cooperativas de crédito, fundos de investimento e agroindústrias é um excelente exemplo disso. Hoje, as plataformas que usam a inteligência de dados para analisar remotamente as propriedades e os devedores envolvidos nas atividades financeiras do campo, avaliando e monitorando riscos fundiários, socioambientais, jurídicos, creditícios, climáticos e produtivos, tornam a jornada das companhias que desejam obter crédito mais dinâmica, rápida e transparente.Ou, partindo para outras esferas, podemos citar os novos formatos de aceleração da venda de produtos, de defensivos a itens mais complexos, como maquinários. Nesses casos, as empresas estão criando canais digitais para acessar o produtor diretamente, com menos burocracias e mais facilidade, e as grandes compradoras de matérias-primas estão criando programas de fidelização para seus consumidores.Portanto, é evidente que a desintermediação, somada à democratização da tecnologia, ajuda organizações de toda a cadeia do agro a tomar decisões mais estratégicas com processos mais seguros, promovendo acessibilidade e transparência, tornando possível aumentar a eficiência, reduzir custos e permitir respostas mais rápidas às mudanças críticas, que são extremamente comuns nesse setor por envolver muitas instituições, pessoas e variáveis.Nesse sentido, não há dúvidas que, à medida que avançarmos nessa revolução tecnológica, a capacidade de acessar e utilizar a tecnologia com inteligência será um diferencial crucial para o sucesso, seja no próprio agronegócio, no setor financeiro e até em outros segmentos. Nesse movimento, os projetos ambiciosos serão aqueles de marcas que almejam se tornar empresas de dados, de forma a navegar e prosperar no novo ambiente digital.Sócio, CSO e CMO da Agrotools
Lucas Tuffi

A tecnologia é certamente uma das principais responsáveis pela disrupção que vivemos atualmente, transformando literalmente todos os setores - inclusive os fundamentais e tradicionais, como o agronegócio. Sua influência constrói e fortalece diversas tendências de mercado, revolucionando a maneira como as informações são coletadas, armazenadas, compartilhadas e utilizadas.

Em outras palavras, esse cenário pode ser caracterizado como um movimento de democratização. Tudo o que era inacessível, seja pelos preços elevados, falta de oferta em larga escala, geografia ou escassez, agora pode ser acessado com poucos cliques.

O motivo por trás disso? A desintermediação de relações, que abrange desde o mundo dos negócios até as interações pessoais. Esse conceito surgiu no setor financeiro, quando as empresas passaram a buscar uma expansão baseada na comercialização de inteligência de dados, de modo que os clientes pudessem adquirir produtos sem grandes intermediários ou estruturas robustas.

A XP Investimentos e o Nubank, por exemplo, são alguns dos nomes mais famosos que democratizaram o mercado de capitais e o acesso ao sistema bancário para milhões de pessoas. A incorporação de tecnologias como blockchain, computação em nuvem, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) feita por essas e outras marcas do segmento começou a criar uma conexão direta entre as partes envolvidas, o que refletiu diretamente no aumento da sua cadeia de valor.

O próprio crescimento das negociações “peer-to-peer” (P2P), muito comum no ecossistema de criptomoedas, que consiste em transações diretas entre os usuários, sem o intermédio de uma terceira parte, também ressalta essa tendência global, encabeçada principalmente pelas bolsas de valores. Gigantes da categoria, como B3, London Metal Exchange (LME), New York Stock Exchange, Tokyo Stock Exchange e até Exchanges de Cripto ativos, já aderem fortemente a esse tipo de modus operandi, e de acordo com dados de mercado, já têm parte relevante de suas receitas oriundas da venda de inteligência de dados, algumas já superam a marca de 50% de suas receitas nesta modalidade.

Mas o que isso significa para o agronegócio?

Neste cenário de democratização tecnológica e empoderamento de negócios por meio de tomadas de decisões menos intermediadas, o agronegócio vem buscando utilizar as novas soluções digitais para gerar mais oportunidades de inovação e rentabilidade. Inclusive, esse objetivo está altamente relacionado à sua aliança com o setor financeiro, uma vez que a desintermediação dos seus diversos processos diminui a dependência de “brokers”.

O financiamento de operações para bancos, cooperativas de crédito, fundos de investimento e agroindústrias é um excelente exemplo disso. Hoje, as plataformas que usam a inteligência de dados para analisar remotamente as propriedades e os devedores envolvidos nas atividades financeiras do campo, avaliando e monitorando riscos fundiários, socioambientais, jurídicos, creditícios, climáticos e produtivos, tornam a jornada das companhias que desejam obter crédito mais dinâmica, rápida e transparente.

Ou, partindo para outras esferas, podemos citar os novos formatos de aceleração da venda de produtos, de defensivos a itens mais complexos, como maquinários. Nesses casos, as empresas estão criando canais digitais para acessar o produtor diretamente, com menos burocracias e mais facilidade, e as grandes compradoras de matérias-primas estão criando programas de fidelização para seus consumidores.

Portanto, é evidente que a desintermediação, somada à democratização da tecnologia, ajuda organizações de toda a cadeia do agro a tomar decisões mais estratégicas com processos mais seguros, promovendo acessibilidade e transparência, tornando possível aumentar a eficiência, reduzir custos e permitir respostas mais rápidas às mudanças críticas, que são extremamente comuns nesse setor por envolver muitas instituições, pessoas e variáveis.

Nesse sentido, não há dúvidas que, à medida que avançarmos nessa revolução tecnológica, a capacidade de acessar e utilizar a tecnologia com inteligência será um diferencial crucial para o sucesso, seja no próprio agronegócio, no setor financeiro e até em outros segmentos. Nesse movimento, os projetos ambiciosos serão aqueles de marcas que almejam se tornar empresas de dados, de forma a navegar e prosperar no novo ambiente digital.

Sócio, CSO e CMO da Agrotools

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