Rodrigo Bouyer
A primeira obrigação das universidades é mirar um futuro pelo qual, com a comunidade de professores, possamos prefigurar, aqui e agora, um projeto utopicamente exequível. Para que, assim, possamos vislumbrar, daqui a dez, vinte anos, o que a educação superior no Brasil há de ser. Temos de lutar por tais objetivos, com clareza sobre a proposição que queremos alcançar, sobre a utopia a ser cumprida.
Esta é a função do sonho: ordenar, concatenar ações, para haver oposição ao fatalismo, e, sobretudo, para que projetos mesquinhos e meramente mercantilistas não prevaleçam.
Conforme o Censo da Educação Superior, divulgado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), sobre o ano de 2023, a maior parte das pessoas que têm acesso ao setor no Brasil é branca, abastada e, geralmente, ocupa carreiras fulgurantes em medicina. Os pretos, pardos e índios ainda não têm o acesso ao estudo como seus pares caucasianos.
Uma universidade que não tenha uma projeção de si mesma está carente de uma ideia utópica de como crescer neste cenário. Faltam-lhes liberdade e coragem para discutir amplamente, sem um ideal mais alto, algo que produza um movimento claro. Sem isto, está debilitada e se torna incapaz de construir fatos sólidos.
Cumprimos, atualmente, um papel universitário que pense em desenvolvimento e mobilidade social e que esteja ocupado com a geração de uma mentalidade original, outrora disseminada por nomes como Celso Furtado, Darcy Ribeiro e Milton Santos.
O tecnicismo, por mais competente que seja, significa pouco ou nada, se não houver o questionamento que nos leve a indagar para que e para quem operam e existem as instituições de ensino. A serventia coletiva – e não meramente individualizada – perde sua primazia sem tais perguntas.
É tarefa primordial das nossas Instituições de Ensino Superior (IES) encarar a nossa realidade, perscrutando-a, examinando-a e analisando-a, profundamente. Pululam, hoje em dia, ainda conforme a pesquisa, cursos em EAD. Há uma redução acentuada do número de docentes contratados para atuar nas instituições não gratuitas. Ressalta-se que há sempre a necessidade de primar pela qualidade do ensino, seja na rede pública ou nas pagas, com ou sem fins lucrativos. Mas como fazê-lo com um corpo de professores cada vez menor, mais sobrecarregado e menos titulado?
Entretanto, há uma verdade irrefutável: por meio do Prouni e do Fies, a educação, durante algum tempo, pôde ser mais democrático. Devemos boa parte dessa disseminação às faculdades privadas.
É por meio da IES que um país fortalece setores econômicos, por exemplo, o de tecnologia, desenvolvendo capacidade para produzir melhor aparelhamento para as suas indústrias, tornando-as, cada vez mais, em potências nacionais, como ocorre com a China e com os Estados Unidos. Entretanto, tal cenário é distante da nossa atual realidade. Na OCDE, em levantamento sobre o percentual da população com educação superior, por faixa etária, de 2022, o Brasil está abaixo da média. Estamos na frente apenas da África do Sul, Indonésia, Argentina e Índia. 20 nações estão à frente da nossa.
Urge, portanto, a necessidade de criar núcleos capazes de repensar os problemas que assolam o país há meio milênio. Compõem-se a isso temas como industrialização, reforma agrária, acesso ao conhecimento. Diversas são as chagas históricas. Segundo Darcy Ribeiro, “O acelerador da história é o saber”. Precisamos reverter a atual circunstância: há mais alunos desistindo da formação acadêmica do que os que o concluem ou permanecem nela. Pensemos!
Há regiões que não conseguem chegar ao campus da universidade para estudar. É o caso de comunidades indígenas, quilombolas e de rincões afastados, em áreas rurais distantes das urbanas. A essas pessoas a modalidade a distância pode e deve ser uma opção, porém frisando que deve ser dado acesso a uma educação de qualidade e não de quantidade. A causa da universidade brasileira deve ser o Brasil. A universidade tem de preocupar-se com as consequências previsíveis de cada um dos caminhos que possamos tomar.
Frente a questões urgentes, as universidades brasileiras têm de se mobilizar. Inovação é a chave para enfrentarmos os novos tempos. A utopia pode ser facilmente compreendida neste contexto como uma prática nova, que nos projete em uma realidade menos precarizada no ensino, que nos faça enriquecer enquanto nação e que nos promova mundialmente como uma potência. Para isso, ideia na qual ponho minhas esperanças, anseio ver um pensamento concreto se formular, conclamando toda a população, no presente, a construir o que havemos de ser no futuro, enquanto povo.
Esta é a função do sonho: ordenar, concatenar ações, para haver oposição ao fatalismo, e, sobretudo, para que projetos mesquinhos e meramente mercantilistas não prevaleçam.
Conforme o Censo da Educação Superior, divulgado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), sobre o ano de 2023, a maior parte das pessoas que têm acesso ao setor no Brasil é branca, abastada e, geralmente, ocupa carreiras fulgurantes em medicina. Os pretos, pardos e índios ainda não têm o acesso ao estudo como seus pares caucasianos.
Uma universidade que não tenha uma projeção de si mesma está carente de uma ideia utópica de como crescer neste cenário. Faltam-lhes liberdade e coragem para discutir amplamente, sem um ideal mais alto, algo que produza um movimento claro. Sem isto, está debilitada e se torna incapaz de construir fatos sólidos.
Cumprimos, atualmente, um papel universitário que pense em desenvolvimento e mobilidade social e que esteja ocupado com a geração de uma mentalidade original, outrora disseminada por nomes como Celso Furtado, Darcy Ribeiro e Milton Santos.
O tecnicismo, por mais competente que seja, significa pouco ou nada, se não houver o questionamento que nos leve a indagar para que e para quem operam e existem as instituições de ensino. A serventia coletiva – e não meramente individualizada – perde sua primazia sem tais perguntas.
É tarefa primordial das nossas Instituições de Ensino Superior (IES) encarar a nossa realidade, perscrutando-a, examinando-a e analisando-a, profundamente. Pululam, hoje em dia, ainda conforme a pesquisa, cursos em EAD. Há uma redução acentuada do número de docentes contratados para atuar nas instituições não gratuitas. Ressalta-se que há sempre a necessidade de primar pela qualidade do ensino, seja na rede pública ou nas pagas, com ou sem fins lucrativos. Mas como fazê-lo com um corpo de professores cada vez menor, mais sobrecarregado e menos titulado?
Entretanto, há uma verdade irrefutável: por meio do Prouni e do Fies, a educação, durante algum tempo, pôde ser mais democrático. Devemos boa parte dessa disseminação às faculdades privadas.
É por meio da IES que um país fortalece setores econômicos, por exemplo, o de tecnologia, desenvolvendo capacidade para produzir melhor aparelhamento para as suas indústrias, tornando-as, cada vez mais, em potências nacionais, como ocorre com a China e com os Estados Unidos. Entretanto, tal cenário é distante da nossa atual realidade. Na OCDE, em levantamento sobre o percentual da população com educação superior, por faixa etária, de 2022, o Brasil está abaixo da média. Estamos na frente apenas da África do Sul, Indonésia, Argentina e Índia. 20 nações estão à frente da nossa.
Urge, portanto, a necessidade de criar núcleos capazes de repensar os problemas que assolam o país há meio milênio. Compõem-se a isso temas como industrialização, reforma agrária, acesso ao conhecimento. Diversas são as chagas históricas. Segundo Darcy Ribeiro, “O acelerador da história é o saber”. Precisamos reverter a atual circunstância: há mais alunos desistindo da formação acadêmica do que os que o concluem ou permanecem nela. Pensemos!
Há regiões que não conseguem chegar ao campus da universidade para estudar. É o caso de comunidades indígenas, quilombolas e de rincões afastados, em áreas rurais distantes das urbanas. A essas pessoas a modalidade a distância pode e deve ser uma opção, porém frisando que deve ser dado acesso a uma educação de qualidade e não de quantidade. A causa da universidade brasileira deve ser o Brasil. A universidade tem de preocupar-se com as consequências previsíveis de cada um dos caminhos que possamos tomar.
Frente a questões urgentes, as universidades brasileiras têm de se mobilizar. Inovação é a chave para enfrentarmos os novos tempos. A utopia pode ser facilmente compreendida neste contexto como uma prática nova, que nos projete em uma realidade menos precarizada no ensino, que nos faça enriquecer enquanto nação e que nos promova mundialmente como uma potência. Para isso, ideia na qual ponho minhas esperanças, anseio ver um pensamento concreto se formular, conclamando toda a população, no presente, a construir o que havemos de ser no futuro, enquanto povo.
Avaliador do Inep e Sócio da Somos Young