Eduarda Denardin Spindler
Não raro, me deparo com publicações em jornais, revistas ou redes sociais sobre a disparidade de comportamento e percepções de mundo entre profissionais da geração Z e seus colegas de gerações anteriores. Em geral, mencionam supostas características dos profissionais que estão ingressando no mercado e que não muito bem vistas pelo mundo corporativo. Segundo essa narrativa, a Gen Z é uma geração "sem": sem paciência, sem perseverança, sem resiliência, sem habilidades de comunicação fora do mundo digital, sem vontade.
Venho me manifestando reiteradamente contra essa estigmatização da Geração Z, a qual pertenço. Obviamente, formamos uma força de trabalho diferente, porque o mundo hoje é diferente. Nossos valores como sociedade mudaram. Aspectos que antes não eram consideradas importantes - como clima, sustentabilidade, diversidade, qualidade de vida - hoje são. Mas ninguém pode negar que somos uma geração imprescindível para o mercado e para organizações de todos os segmentos.
O mundo está mudando rápido, mais rápido do que nunca. As inovações, sejam elas tecnológicas ou conceituais, são muitas e constantes, deixando gestores de corporações de todos os portes de cabelo em pé, porque sabem que precisam acompanhar o movimento, sob pena de ficarem para trás.
E quem melhor do que nós, nativos digitais e a geração do agora, para ajudar a introduzir, implementar e conduzir esses processos? Quem melhor do que nós para dar suporte àqueles que, por terem passado a maior parte de suas vidas profissionais num ambiente analógico, têm maior dificuldade para introjetar as novas formas de fazer nas suas rotinas?
Não concordo que sejamos uma geração sem habilidades. Somos uma geração com habilidades diferentes. Valores diferentes. Sonhos diferentes. Mas isso sempre foi assim e sempre será. Somente o novo pode nos fazer evoluir como profissionais. Somente a mudança pode nos fazer evoluir como sociedade.
Estudante de Relações Públicas da Ufrgs