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Publicada em 04 de Novembro de 2024 às 18:29

A omissão na proteção dos vulneráveis

Guilherme Wondracek, delegado e presidente da Asdep

Guilherme Wondracek, delegado e presidente da Asdep

Brandolff/Especial Palácio Piratini/JC
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Guilherme Wondracek
Guilherme Wondracek
A Polícia Civil nunca trabalhou tanto e nunca foi tão mal paga e valorizada. Os policiais civis receberam 6% de reposição desde 2019. Não chega nem próximo da inflação do período. Todavia, a Polícia Civil nunca parou. Não parou na pandemia da Covid-19. Não parou durante os alagamentos de maio. Os policiais civis jamais saíram das ruas para cumprir o seu dever. E, frise-se, os policiais nunca vão parar. Mas não se pode silenciar diante de tanto descaso por parte do governo do Rio Grande do Sul.
As falhas no sistema de monitoramento eletrônico de agressores de mulheres são mais uma prova de como a segurança pública, de fato, é vista pelos gestores: serve apenas para angariar votos.
A verdade é que não há preocupação com quem presta o serviço, bem como com quem o recebe. Isso que o tema da violência contra a mulher foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de 2018 e de 2022.
É inadmissível que as vítimas tenham a falsa sensação de que estão protegidas, que acusados que estão cumprindo as decisões judiciais que aplicaram as medidas protetivas de urgência sejam conduzidos indevidamente a delegacias de polícia por causa de aparelhos defeituosos e que policiais tenham que deixar de lado as suas obrigações para fazer "frete" de tornozeleira.
Direitos e garantias fundamentais são menosprezados pelos governantes. Para se cobrar excelência na execução de um serviço essencial é preciso valorização e respeito àqueles que prestam e fazem a segurança pública.
A Polícia Civil gaúcha é uma das melhores do Brasil, mas também uma das mais mal pagas. Os últimos acontecimentos envolvendo grupo de vulneráveis (mulher, criança, idoso e vítimas de intolerância) demonstram que o Rio Grande do Sul não se preocupa com essa pauta.
O aumento de casos grotescos deixa evidente que faltam políticas públicas para evitar que casos assim se repitam. Fica difícil trabalhar nesses casos quando se tem um déficit de agentes policiais e quando é preciso priorizar atividades secundárias (como frete de tornozeleiras) e não a prevenção e a investigação qualificada de crimes contra os vulneráveis.
Delegado e presidente da Asdep
 

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