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Publicada em 11 de Outubro de 2024 às 08:11

Empresas precisam levar a sério a preocupação com Saúde Mental dos empregados

Carlos Assis, editor do Anuário Saúde Mental nas Empresas, é fundador do Instituto Philos Org e diretor da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps)

Carlos Assis, editor do Anuário Saúde Mental nas Empresas, é fundador do Instituto Philos Org e diretor da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps)

Philos Org/Divulgação/JC
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Carlos Assis
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O tempo passa e as prioridades mudam. É isso o que vemos em relação à preocupação das empresas com a saúde mental dos empregados. Depois da pandemia de Covid-19, notou-se um grande movimento das organizações em investir e dar atenção ao bem-estar dos colaboradores.
O tema se tornou uma prioridade na pauta da agenda ESG, sigla em inglês que significa práticas ambientais, de responsabilidade social e de governança das empresas. A pandemia foi um ponto de inflexão, onde as organizações passaram, de fato, a investir e a declarar o que fazem em relação à saúde mental.
Mas o tempo passou e as prioridades mudaram. O Anuário Saúde Mental nas Empresas 2024 mostra redução no índice de promoção de bem-estar pelas grandes empresas brasileiras em relação ao ano anterior, passando de 5,40 pontos em 2023 para 5,05 neste ano. Para chegar a essas conclusões, analisamos os relatos integrados, documentos elaborados pelas próprias organizações para prestar contas à sociedade e, consequentemente, gerar mais valor ao negócio.
Entre os oito setores analisados, o Financeiro aparece positivamente na liderança com um índice de 11,34. A preocupação não é à toa: é esse ramo da economia que apresenta o maior número de afastamento de empregados por transtornos mentais. Na ponta oposta do ranking do Anuário, aparece negativamente o setor Agropecuário, com índice de 1,91.
O propósito do Anuário é iluminar o que tem sido feito de melhor para inspirar e influenciar as demais organizações na adoção de uma estratégia verdadeira e efetiva para a saúde mental dos colaboradores.
A metodologia cobre integralmente os pontos elencados na legislação recente que criou o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental (Lei nº 14.831) e que ainda precisa ser regulamentada.
Certificar uma empresa que adote um conjunto de boas práticas é muito bem-vindo, mas isso, por si só, não resolve. Saúde mental não deve ser um tema sazonal e não vamos resolver esse desafio de forma isolada.
Dentro da agenda ESG o termo greenwashing ilustra quando uma organização implementa estratégias e propagandas enganosas sobre suas práticas ambientais.
O mundo cobra, cada vez mais, que as empresas observem princípios sociais e de governança, e a sensibilização das lideranças corporativas é determinante para alavancar esta pauta.
Se isso não for adotado de forma séria, corremos o risco de ter uma espécie de mentalwashing: a declaração de ações muito bonitas no papel, inclusive seguindo a lei, mas que, no dia a dia, não são efetivas e não estão enraizadas na cultura e cotidiano da organização.
Editor do Anuário Saúde Mental nas Empresas, é fundador do Instituto Philos Org e diretor da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps)

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