Fabiane Madeira
De um lado, a direita. Do outro, a esquerda. E no meio do pleito municipal, as lideranças e suas empresas, que, para além da polarização política, precisam estar atentas aos impactos que ações e palavras podem ter na imagem, na reputação e, consequentemente, nos negócios, durante as eleições.
Mais do que ideologia política, existem características específicas desse pleito: os líderes, que personificam o CPNJ, são mais próximos dos candidatos, têm com eles relações pessoais. Isso soma-se ao uso da inteligência artificial e das ferramentas digitais, que podem desinformar ou mentir. Há ainda outra questão: vida pessoal e profissional são indissociáveis. Atos e declarações dos executivos podem impactar a percepção pública da marca, interna e externamente.
Basta uma foto (até mesmo antiga) de um candidato a vereador e amigo do gestor para gerar uma crise ou um comentário feito com o time interno, que pode gerar desconforto - isso sem entrar na seara do assédio eleitoral. Esses dois exemplos podem facilmente ocorrer e trazer problemas graves (e evitáveis) em termos de imagem e gestão de reputação. O que fazer, então, para que isso não ocorra? Coloque o assunto na pauta da direção da empresa, defina regras claras e tenha uma comunicação transparente e assertiva. Deixe claro o que as lideranças podem ou não fazer, falar e publicar. Tudo isso sem ferir os direitos constitucionais de participar da vida política.
Algumas orientações que valem para todos os tipos e portes das empresas: defina diretrizes claras e comunique as regras da empresa em relação ao pleito; treine lideranças e ajude-os a entender que opiniões pessoais podem ser confundidas com o posicionamento institucional; evite piadas e comentários, adote uma postura neutra e uma comunicação interna e externa informativa e, por fim, não se envolva em discussões públicas, em especial nas redes sociais
Declarações polarizadoras ou oportunistas podem prejudicar a imagem da empresa, já posicionamentos comprometidos com causas relevantes e de responsabilidade social tendem a fortalecê-la. Tudo depende da história corporativa. A reputação é o julgamento do outro e você não o controla, mas pode gerar mensagens que formam essa avaliação. O que está no seu controle é a intencionalidade dos atos e discursos. Isso sim, é escolher a empresa em detrimento do posicionamento político.
Consultora de reputação e gestão de crises e CEO da Éfe Reputação