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Publicada em 10 de Setembro de 2024 às 07:13

Governança para o agronegócio

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Jonathan S. Mazon
Jonathan S. Mazon
A governança no agronegócio brasileiro está se tornando cada vez mais reconhecida como uma ferramenta vital para o sucesso e a sustentabilidade das grandes empresas rurais. Dados recentes mostram que, embora cerca de 10% dos gestores ainda desconheçam o conceito de governança e aproximadamente 15% não reconheçam sua importância, há um crescente entendimento de que a governança é essencial para o crescimento e a longevidade dos negócios, especialmente no setor agrícola.

A disseminação de práticas de governança em um dos setores de maior relevância para a economia brasileira esbarra em uma resistência comum: o receio de que essas medidas possam "engessar" o negócio. Esse temor é ainda mais evidente em negócios familiares, que constituem a maioria das grandes empresas rurais no Brasil. Nessas empresas, o processo de sucessão é frequentemente visto com apreensão, pois envolve a possibilidade de ter que ceder prematuramente o controle da gestão para as novas gerações ou até para administradores externos. No entanto, essa não é a única maneira, pois existem muitas outras alternativas.

Contudo, a governança no agronegócio não deve ser vista como um obstáculo, mas como um conjunto de regras práticas e processos que visam a melhoria da gestão. Boas práticas de governança incluem, por exemplo, o uso responsável da terra, abordando aspectos ambientais e a promoção de condições dignas de trabalho no campo, que são fundamentais para o aspecto social da governança. Além disso, a prestação de contas e a transparência são pilares essenciais, reforçando a confiança de todas as partes envolvidas, desde funcionários até investidores. É crucial que as novas gerações aprendam a ser responsáveis perante seus parentes não-executivos, e que esses parentes não-executivos aprendam a expressar sua propriedade e compromisso com a longevidade do negócio.

O investimento em governança permite às empresas se fortalecerem, por meio da construção de um planejamento estratégico apurado e de uma estrutura organizacional adequada. O estabelecimento de diretrizes de governança traz benefícios, como a criação de controles e rotinas administrativas, maior eficácia nas tomadas de decisão, atração e retenção de profissionais qualificados e melhores condições para obtenção de recursos financeiros. Acima de tudo, entretanto, a governança fornece mecanismos para eliminar uma parcela relevante dos conflitos e eventuais impasses na condução do negócio, seja pelas gerações seguintes na condição de gestores ou na condição de proprietários com gestores externos à família, seja na gestão dos recursos levantados pela família após a venda do negócio para um terceiro.

Portanto, a governança no agronegócio é uma ferramenta crucial para garantir a continuidade e a prosperidade das grandes empresas rurais. Ao adotarem essas práticas, os gestores podem superar desafios, facilitar o processo de sucessão e assegurar que o negócio permaneça sustentável e competitivo no longo prazo.
Especialista em direito societário, M&A e mercado de capitais, sócio do escritório Ayres Ribeiro Advogados

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