Gilberto Jasper
"Depois da tempestade vem a bonança".
O ditado está defasado sob a ótica do Rio Grande do Sul por um motivo simples. Tivemos "tempestades" em setembro e novembro de 2023 e, depois, em janeiro e maio de 2024 no Estado, sem contar os chamados "repiques das águas". A "tempestade" em questão é a sucessão de enchentes que reduziram a histórica "Enchente de 1941" a simples recordação de conversas com os avós.
De volta ao novo normal, proliferam retrospectivas em vídeo, fotos e depoimentos. Também há uma enxurrada de números, dados e estatísticas de prejuízos, despesas e prometidos investimentos em reconstrução. Os gaúchos querem de verdade, são ações concretas, resultado de um discurso de convergência, bastante diferente dos holofotes em torno das numerosas comitivas oficiais seguidas de ruidosas entrevistas coletivas com PowerPoints de alta qualidade técnica.
Além da sucessão de catástrofes, a história reservou aos rio-grandenses o agravamento por estarmos em ano eleitoral. A união dos conterrâneos, que deveria unificar as ações de reconstrução, dará lugar à busca de culpados e ao surgimento de salvadores da pátria que, anteriormente no exercício de mandatos, pouco ou nada fizeram de concreto.
A implementação de loteamentos para a construção de residência e o socorro a empreendedores de todos os portes são ações fundamentais para salvar o Rio Grande do Sul. Moradia e emprego são básicos para restabelecer a dignidade de quem perdeu tudo, menos a esperança de ver ao menos parte das promessas virarem realidade.
Em dez meses desde a eclosão da primeira tragédia que atingiu fortemente o Vale do Taquari, nenhuma casa foi sequer iniciada por iniciativa dos governos estadual e federal. Vieram novas calamidades que se espalharam pelo Estado, agravando perdas e a dor de milhões de gaúchos, mas as vultosas obras e cifras prometidas ficaram no discurso.
É preciso, com urgência, simplificar exigências, reduzir a burocracia e combater a vaidade de quem prefere câmeras e microfones ao lançamento real de medidas concretas. Não importa quem seja "o pai da criança". Neste momento de reconstrução urgente não há lugar para personalismo ou proselitismo político de olho nas eleições de outubro. A hora é agora!
Jornalista