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Publicada em 18 de Julho de 2024 às 14:58

Aos nossos "velhos"

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Daniela Giacobbo
Daniela Giacobbo
Esta é uma curta homenagem ao meu pai, Luiz Arthur A. M. Giacobbo, falecido recentemente, quem muito produziu, inspirou e soube ser gentil, além de tantas virtudes.
Múltiplo nas suas habilidades e realizações, foi homem de finanças (desde bancário até diretor de bancos), professor, procurador da Justiça do Trabalho, presidiu entidades como a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCE, atuou em clubes de serviço como o Lions e o Rotary. Ex-seminarista e católico praticante, foi um grande evangelizador - com minha mãe, com quem foi casado por 54 anos, atuou em movimentos como o Casais com Cristo e o Cursilho da Cristandade, mas, sobretudo, foi um grande cidadão, o legítimo bom pai de família.
E uma das suas maiores habilidades era escrever, talvez porque justamente tivesse uma vida tão rica em vivências e relacionamentos pessoais: por 20 anos escreveu no JC, a convite do senhor Delmar Jarros, a coluna Sempre às Sextas-Feiras, quando, segundo ele, não era fácil "coordenar o expediente de diretor de banco com o de jornalista", mas "extremamente compensador, sobretudo pela recepção dos leitores".
Quando adolescente, lembro das centenas de cartas de leitores, que diziam esperar ansiosamente pelas sextas-feiras, e das muitas amizades feitas em razão da coluna semanal. Lá, defendia valores cristãos, falava da família, dos amigos, da sua atuação na sociedade e da palavra de Deus. Eu não recordo de ele ter escrito sobre os idosos.
Em 16 de julho de 2024, estaria fazendo 100 anos e, se não acometido pelo Alzheimer, teria escrito, com a sensibilidade de sempre.
Mesmo sem poder interagir, soube agradecer o amor e o carinho recebido, sobretudo dos netos Álvaro e Octávio (sobre quem muito escreveu) e eu aprendi com a sua gentileza, até o final. Sobre a atenção que devemos dispensar a quem talvez não mais entenda ou consiga retribuir. Nossos velhos precisam de nós.
Com o envelhecimento da população, o abandono de idosos é cada vez mais comum, e segundo dados estatísticos, no Brasil, as denúncias desse abandono são alarmantes.
O meu pai precisou e eu precisarei dos meus filhos. Ganham os idosos, com o amor dos entes queridos, ganha quem convive e aprende sobre como dar amor sem talvez nada mais receber.
Advogada, consultora jurídica e professora universitária
 

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