Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 16 de Julho de 2024 às 16:59

Ódio e democracia

Giuliano Dagostim, advogado e proprietário do escritório de advocacia Dagostim Advogados

Giuliano Dagostim, advogado e proprietário do escritório de advocacia Dagostim Advogados

arquivo pessoal/Divulgação/JC
Compartilhe:
JC
JC
Giuliano Dagostim
Giuliano Dagostim
Será tarde senão imediatamente se reconhecer que não há democracia que não seja liberal, pois somente nela se reconhece o direito dos opositores, independente se um cidadão "do bem" ou um cidadão "de bem", mediante a igualdade perante a norma e a paridade perante o processo, que é condição para a pacificação social onde a diversidade de valores e, portanto, de base linguística, é reconhecida e garantida pelo Estado.
Exemplos não faltam a cerca de legislações que estabelecem presunção de culpabilidade para impor privilégios, vigente junto a Estados antiliberais e autoritários, onde, por exemplo, uma mulher jamais iria criticar um homem, quando, outrora, ela era submetida à presunção de culpa, e um "negro" não ousaria contestar um "branco" quando a palavra deste possuía força de prova, e nem um servo poderia acusar o seu senhor, devido à espécie jurisdicional eminentemente autoritária, antiliberal e antidemocrática, destinada à conformação de privilégios.
Nesta nova roupagem contemporânea, como outrora ocorrera em diversas passagens históricas, o Estado propaga a divisão de um povo, mediante a luta entre homens e mulheres, negros e brancos, trabalhadores e empresários, congregando uma maioria circunstancial contra o inimigo da Ditadura - os direitos Individuais.
A ideologia voltada à retribuição histórica, por meio de presunções e de privilégios, de forma a vingar gerações passadas, mediante a confusão linguística entre o "bem" e o "útil", desencadeia reatividade, pois, distante de um bem comum, segmenta grupos e estimula, deliberadamente, o litígio na sociedade contemporânea, a fragmentação e a dissociação significativa, de forma antidemocrática, a partir de vil e prazeroso sentimento de vingança e poder.
A negação da palavra senão em benefício próprio deflagra a crise ética na sociedade e se evidencia com a relativização do terror, a negação do outro e do valor do inimigo, mediante um processo autoritário de linguagem, no qual o símbolo, ao invés de revelar, serve unicamente para o ardil propósito de atacar o inimigo público constituído, ignorando o bem comum para manter um sistema onde o inimigo é aquele que se opõem ao Estado e seus colaboradores.
Neste processo de relativização do bem, a complacência com grupos autoritários que erguem orgulhosamente mensagens de ódio contra a burguesia, vela não somente intolerância a um modo de vida, mas a um inimigo que se busca construir e combater para a manutenção de um poder diametralmente oposto ao burguês - o do Estado Ditatorial.
Advogado e proprietário do escritório Dagostim Advogados
 

Notícias relacionadas