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Publicada em 03 de Julho de 2024 às 19:11

Quem vai reconstruir as estradas?

Adolfo Schneider, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

Adolfo Schneider, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

IEE/Divulgação/JC
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Adolfo Schneider
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Se não fossem o governo e os impostos, quem iria construir as estradas? Essa indagação é recorrente em debates que colocam em pauta o papel do Estado em nossas vidas. Muitos acreditam que a sociedade civil é incapaz de resolver esse problema por conta própria. Assim, entendem que o poder estatal é necessário para a coordenação e o angariamento de recursos.
Por outro lado, as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos meses evidenciaram a capacidade de organização espontânea dos indivíduos, os quais proveram serviços de resgate, construíram abrigos e administraram centros logísticos sem a assistência do poder público. Algumas iniciativas foram além: civis utilizaram recursos próprios para reparar infraestruturas rodoviárias em tempo recorde. O cidadão gaúcho - que financia uma máquina pública megalomaníaca e arca com uma das cargas tributárias mais onerosas do mundo - vai reconstruir sua terra.
Dez dias foi o tempo necessário para que civis se organizassem e recuperassem um trecho da BR-116 que havia sido completamente destruído pelas chuvas em 2 de maio. No dia 14, a estrada já estava liberada. Os recursos foram privados, e parte da mão de obra foi voluntária.
Não foi diferente com a ponte de Nova Roma do Sul, que teve de ser reconstruída após a enchente de setembro de 2023. Nesse caso o governo do estado projetava gastar R$ 25 milhões para entregar a obra em dezembro deste ano. Em contraste, os moradores da região se estruturaram para desembolsar R$ 7 milhões e concluí-la já em janeiro.
Iniciativas como essas são essenciais não apenas para demonstrar o poder da ordem espontânea na tomada de decisão, mas também para expor o calcanhar de Aquiles da centralização estatal: a impossibilidade inerente de atender às necessidades de cada indivíduo. Mais e mais, os civis veem o Estado como um obstáculo que burocratiza o progresso e confisca recursos que seriam alocados de maneira eficiente se estivessem sob a guarda daqueles que os produzem. Se em tempos de calamidade - em que os recursos são escassos e as demandas, incontáveis - conseguimos produzir tanto, por que acreditar que seríamos incapazes de construir as estradas, tendo em mãos a fortuna que pagamos em impostos?
Associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
 

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