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Publicada em 26 de Junho de 2024 às 18:09

Resiliência a eventos extremos no RS

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Carlos E. M. Tucci
Carlos E. M. Tucci
Na enchente de abril-maio de 2024 no Rio Grande do Sul, observou-se uma lição da população na capacidade de resistência a adversidade, voluntariado e de contribuição. Em 2023 - 2024 foi um ano de várias inundações, mostrando a grande vulnerabilidade econômica e social do Estado a estes eventos. Mesmo não considerando esta última enchente, o RS é o Estado que mais sofre impactos econômicos de desastres naturais no País, onde a seca tem um peso relevante.
Em 1941, logo após a famosa enchente, o RS sofreu com 10 anos consecutivos de seca (1942-1951), sendo 1946 o pior ano. Neste período provavelmente iniciou o deslocamento dos gaúchos para outras regiões do Brasil. Uma parte do Estado possui solo rochoso, com pequena profundidade e com vazões de estiagem muito baixas. No Centro-Oeste, a vazão de seca é da ordem de 2,2 vezes maior que o Planalto do RS, mesmo tendo todos os anos seis meses sem chuva.
Frente a repetição de um outro grande evento crítico de enchentes e tendo a perspectiva de retornarem as secas (recentemente, em média a cada cinco anos), é necessário que o Estado busque desenvolver uma estratégia de medidas de resiliência para diminuir a vulnerabilidade da sociedade e da economia do Estado a estes eventos.
Não é o momento de mudar de Estado, mas de mudar de atitude com relação às condições climáticas e aos desastres devido a eventos extremos. Para minimizar as enchentes deve-se recuperar e modernizar as estruturas de proteção e dar manutenção devida, evitar fazer campanha para retirá-las, construir as estruturas projetadas e viáveis, buscar sustentabilidade no espaço das cidades com risco de inundação e ter sistemas de alerta confiáveis que informam as áreas que podem inundar.
No âmbito das secas é necessário rever as estruturas de reservação, pois tudo que está dimensionado com dados depois de 1950, está subdimensionado, mas deve-se buscar um conjunto de medidas de resiliência, principalmente para agricultura de sequeiro, visando minimizar os impactos econômicos dos anos de seca que frequentemente ocorrem.
O planejamento destas ações com medidas inovadoras, pelo conjunto da sociedade pública e privada, pode mostrar que antes de lamentar pelas nossas adversidades, estamos nos fortalecendo com medidas preventivas e resilientes para nos tornar exemplos para o País na gestão de eventos extremos.
Diretor da Rhama-Analysis
 

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