Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 24 de Junho de 2024 às 18:31

Exôdo, migração e déficit habitacional no pós-enchente

Editorial

Editorial

ARTE/JC
Compartilhe:
JC
JC
A catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul escancara e acelera um histórico gargalo de infraestrutura social no Brasil, o déficit habitacional. Em 2022, totalizava 6 milhões de domicílios ou 8,3% do total de habitações ocupadas no País, segundo dados da Fundação João Pinheiro, em parceria com o Ministério das Cidades. Naquele ano, o índice reportado ao Rio Grande Sul era de 5,9%, como um dos estados com menor proporção de déficit.
A catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul escancara e acelera um histórico gargalo de infraestrutura social no Brasil, o déficit habitacional. Em 2022, totalizava 6 milhões de domicílios ou 8,3% do total de habitações ocupadas no País, segundo dados da Fundação João Pinheiro, em parceria com o Ministério das Cidades. Naquele ano, o índice reportado ao Rio Grande Sul era de 5,9%, como um dos estados com menor proporção de déficit.
As enchentes de maio que resultaram em mais de 338 mil pessoas desalojadas, segundo dados da Defesa Civil gaúcha, produziram os chamados "refugiados da enchente", contingente que se viu forçado a migrar para abrigos e casa de parentes porque ficou sem um teto. Muitos definitivamente não têm para onde voltar. E a pergunta que fica é para onde vão? A reposta da União foi imediata, com a celebração de convênios para a aquisição de moradias prontas aos que se enquadram nos critérios do Minha Casa, Minha Vida, mas nem todos os públicos estão nesse perfil de beneficiário.
Não à toa, começam a ecoar especialmente em Porto Alegre o grito de desabrigados para que prédios públicos desocupados sejam direcionados para a habitação popular, atendendo demanda de milhares de famílias atingidas pelas chuvas na Capital. A desapropriação de prédios públicos para reduzir o déficit habitacional é uma demanda recorrente nas grandes cidades brasileiras pelos movimentos sociais que prezam pelo incentivo a políticas de habitação de interesse social e ganha força agora puxada pela catástrofe ambiental recente.
Especialmente na região do Vale do Taquari, assolado por sucessivas inundações, e onde a enchente atingiu moradores de todas as classes sociais, o maior temor é pela saída de moradores em busca de melhores condições de vida, longe do risco de inundação pelo rio que atravessa as cidades. Algo que já começou no meio empresarial na região. A riqueza do Vale corre o risco de grande impacto pela falta de terrenos adequados para plantas industriais e residenciais, o que torna o cenário desanimador.
Hoje o desafio das cidades atingidas pelas chuvas não é atrair pessoas, e sim, mantê-las. Somente a criação de estímulos com a união de esforços de governos de todas as esferas, sociedade civil e setor privado poderá reverter uma debandada em massa pela falta de garantias de um futuro próspero.
Além de muitos prejuízos e mortes, o evento climático de maio de 2024 também produziu esse alerta.
 

Notícias relacionadas