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Publicada em 08 de Junho de 2024 às 06:33

Os problemas psicológicos que vão afetar os gaúchos nos próximos meses

ARTE/JC
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Andréa Fidelis
Andréa Fidelis
Quando uma pessoa enfrenta uma tragédia, com perdas que afetam profundamente sua vida presente e futura, ela entra em um estado de luto emocional. Esse luto impacta sua energia e perspectiva sobre a realidade, levando meses ou até anos para se recuperar. Lidar com a dor, a angústia e o desamparo psicológico da perda, sejam de entes queridos ou de bens significativos, é parte desse processo.
Quando uma comunidade, uma cidade ou um estado passam por uma tragédia, esse luto se torna coletivo. Afeta a todos simultaneamente, trazendo consequências para a saúde mental, física e econômica da população afetada.
O Rio Grande do Sul está vivenciando esse luto coletivo. No início, durante a catástrofe, ocorre um estado de entorpecimento ou negação. As pessoas reagem ao momento presente, algumas ficam paralisadas enquanto outras se envolvem em atividades frenéticas para evitar confrontar a realidade.
Após esse período, surge uma fase perigosa: a raiva coletiva. As pessoas questionam por que estão passando por aquilo e buscam culpados externos. Isso pode levar a atos violentos e busca por vingança.
Outro comportamento durante o luto coletivo é a busca por explicações religiosas, como a ideia de um castigo divino. Isso pode resultar em aumento das práticas religiosas na tentativa de obter perdão e proteção divina.
À medida que a realidade da catástrofe se torna inevitável, surge a tristeza e a depressão coletiva. Alguns se sentem desanimados, sofrem de insônia e ataques de pânico, enquanto outros começam a se reorganizar para enfrentar a nova realidade.
A aceitação é fundamental nesse processo, permitindo à comunidade reconstruir-se e ressignificar a vida apesar da dor. Não se trata de esquecer o passado, mas de seguir em frente e construir um futuro.
O luto faz parte da experiência de perda, e o Rio Grande do Sul está passando por isso. Não há uma ordem fixa para as fases do luto, mas todos estão enfrentando essa jornada de integração dos sentimentos e elaboração do que foi vivido.
Estamos em luto pelo nosso Estado, e é preciso tempo para processar essa dor coletiva e encontrar maneiras de seguir em frente.
Psicóloga, professora e pesquisadora em Psicologia
 

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