Geraldo Mario Rohde
A busca da resiliência, após as águas baixarem, passa por essencial abordagem geológica. A área entre o Planalto e o escudo que recebeu o nome "Depressão Central" configura espécie de imensa planície de inundação geológica, um cabal compartimento endorreico.
Decorrente da junção de imprudência, imprevisão e incúria administrativa de planejamento territorial e urbano, na qual a maioria das cidades foi construída total ou parcialmente, chegou-se à catástrofe de 2024 - a maior tragédia da história gaúcha.
Como contribuição ao programa Reconstruir RS, podem ser citadas as seguintes ações, que terão efeito nas causas e não apenas nas consequências: instalação do Programa Estadual de Desassoreamento (em rios, barragens, açudes, lagos e lagunas); mapeamento detalhado das áreas de risco de movimentos de massa; mapeamento, revisão e adequação de rodovias e estradas que configurem barragens ou diques locais-puntuais ao fluxo de águas; revisão dos critérios de dimensionamento para subleitos, sub-bases, bases e revestimentos de pavimentos em áreas críticas; revisão e recuperação de todas as cabeceiras de pontes do Estado; adoção de modelagem hidrológica para os rios nos quais existam áreas urbanas; considerar a potencial ocorrência de "Cisnes Negros" de eventos climáticos extremos antropogênicos; adoção do neopalafitismo construtivo, com o uso intensivo de pilotis e zoneamento de alturas mínimas de construções; criação e instalação de PPPIs - Plano de Prevenção e Proteção às Inundações, com procedimentos e equipamentos; adoção sistêmica de EPIs aquáticos como barcos, boias, flutuadores, sinalizadores, coletes salva-vidas etc; educação para as águas desde a primeira infância, com início na natação.
Esses procedimentos darão acesso do Rio Grande do Sul à resiliência climática ambiental, atenuando os impactos, protegendo patrimônios e preservando vidas humanas.
Geólogo, especialista em Urbanismo