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Publicada em 20 de Maio de 2024 às 19:16

Cuidados com as doenças das enchentes

Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento

Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento

Hospital Moinhos de Vento/Divulgação/JC
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Paulo Ernesto Gewehr Filho
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Nas últimas semanas, testemunhamos a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul. Dezenas de mortos e desaparecidos se somam a desalojados e desabrigados. E para além da preocupação primária de salvamento e abrigo aos afetados pelas chuvas, é preciso atentar a questões relacionadas à saúde pública. Uma das preocupações que cresce se refere à exposição prolongada às águas contaminadas e a possíveis ferimentos sofridos durante ações de evacuação e resgate.
Nessa situação excepcional que estamos vivenciando, doenças como leptospirose, tétano, hepatite A e raiva podem se tornar frequentes. A primeira, e mais comumente associada a cenários como o nosso atual, é transmitida pela urina de ratos. A bactéria que causa a doença consegue penetrar pela pele muito tempo exposta às águas contaminadas, por meio de feridas e também pela ingestão de água.
Com muitos sintomas parecidos com outras doenças que estão circulando atualmente, como dengue, Covid e gripe, a leptospirose exige uma avaliação médica individual e tratamento específico, feito com antibióticos - usados somente com prescrição. Se não tratada, a doença pode levar à morte, especialmente em grupos mais suscetíveis, como crianças, imunodeprimidos, idosos e gestantes. É preciso prestar atenção em sinais como febre, dor de cabeça, dor muscular, olhos vermelhos, náuseas e vômitos. Também pode haver icterícia (amarelão na pele e olhos), tosse seca, tosse com sangue, cansaço, calafrio, diarreia e dor nas articulações.
Sem vacina disponível, as medidas preventivas para evitar a leptospirose, especialmente no momento de retorno às residências onde as cheias cederam, é evitar o contato com a água das enchentes, lama e terra através do uso de equipamentos de proteção individual, como botas, luvas e macacões impermeáveis, e higienizar bem os utensílios e materiais que podem ter sido contaminados. Quem atua nas frentes de resgate deve, na medida do possível, se proteger. Fundamental, também, é consumir apenas água potável.
Além dessa enfermidade, a situação provocada pelas enchentes ainda pode causar hepatite A e gastroenterites. Também preocupam o tétano - causado por ferimentos - e a raiva - geralmente associada a mordidas de cães e gatos em situação de estresse durante as ações de salvamento. Diante de qualquer uma dessas situações a recomendação expressa é buscar atendimento médico para avaliação de medidas profiláticas.
Médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento 

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