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Publicada em 21 de Maio de 2024 às 19:00

Memória da dor

Bruno Schneider de Araújo, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul

Bruno Schneider de Araújo, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul

Arquivo pessoal/Divulgação/JC
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Bruno Schneider de Araújo
Bruno Schneider de Araújo
A dor existe por uma razão: para o sofrimento ser grande o suficiente de forma que o seu causador, seja evitado. Assim, a dor de uma queimadura faz com que o cuidado com o fogo seja redobrado e o sofrimento não se repita. Evitar a dor também exige esforço, é preciso estar disposto a se proteger e correr menos riscos, ser imaginativo para criar soluções e resiliente para não desistir se elas não funcionarem. Prever e prevenir a dor gera conforto, e é também a função dos bons médicos.
A dor pela qual os gaúchos tem passado devido às enchentes, é uma aflição coletiva. Todos os gaúchos sofreram ou conhecem alguém que sofreu perdas devido ao terrível fenômeno extraordinário. É uma agonia imensurável e pública.
Por isso, a reconstrução e a prevenção devem ser um esforço coletivo, em que indivíduos, grupos e entidades unam-se de forma organizada e com objetivos compartilhados. A sociedade de oftalmologia do Rio Grande do Sul manifesta-se não só compartilhando a dor, mas também a busca por soluções que amenizem o sofrimento.
A partir disso, junto com outras entidades médicas a nível continental, busca-se em um primeiro momento arrecadar os essenciais recursos para reconstrução daqueles que tudo perderam, entre os quais, grande número de funcionários e colaboradores de consultórios ou clínicas de oftalmologia. Ao mesmo tempo, de forma voluntária, estamos empenhados em atender as necessidades oftalmológicas dos desabrigados e garantir que não interrompam os seus tratamentos crônicos. É bom lembrar que muitas pessoas saíram de suas casas para fugir da fúria das águas, deixando para trás seus óculos e/ou medicamentos importantes para sua saúde ocular.
A mobilização é intensa, tanto de médicos, quanto do setor óptico, que não restringe as suas doações. A dor existe por uma razão, e quando ela passar, nunca devemos esquecer como amenizar e evitá-la. Devemos lembrar de transmitir a memória dessa agonia às novas gerações, pois apenas assim será possível, como sociedade, mantermos todo o empenho necessário em evitar a sua repetição.
Presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul
 

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