Guilherme Toniolo
As inundações do Vale do Taquari, Porto Alegre, Região Metropolitana e Rio Grande desencadearam uma resposta coletiva diante dos desafios enfrentados pelas comunidades afetadas. Profissionais de diversas áreas, incluindo biólogos, engenheiros, arquitetos e especialistas em segurança, uniram forças para analisar as causas e encontrar soluções para os problemas de alagamento. Esse esforço multidisciplinar reflete a necessidade urgente de enfrentar os impactos das enchentes e preparar-se para eventos futuros, destacando a importância da colaboração entre diferentes campos de conhecimento.
Segundo a Nota do Instituto de Biociências, Ufrgs - Propor novo canal para Lagoa dos Patos implica em riscos ambientais e sociais. Abertura não assegura descarga de água, sujeita à maré e ao clima. A criação de um canal adicional ao norte pode afetar a salinização, prejudicando a agricultura e a pesca.
Acreditam que soluções de gestão de água urbana devem integrar a natureza. Preservar ecossistemas naturais, como florestas e banhados, reduz risco de inundações. Estratégias sustentáveis, como áreas de infiltração, promovem a biodiversidade e saúde dos ecossistemas, essenciais em cenário climático em mudança.
Já os Engenheiros, como eu, normalmente mais pragmáticos, debatem medidas para reduzir os impactos ambientais e preparar-se para situações adversas. Minha abordagem engloba diversas ações: construção de bacias de contenção ecológica e amortecimento ao longo dos rios, implementação de sistemas de contenção nas cidades afetadas e dragagem de canais do Guaíba e da Lagoa dos Patos. Propõe-se até um sistema alternativo de extravasamento para amenizar enchentes, direcionando o excesso de água para o oceano. Reconheço as preocupações dos biólogos sobre os impactos ambientais, mas acredito que a engenharia pode ser aliada da natureza com soluções bem planejadas e sustentáveis.
Acredito na necessidade de uma abordagem multifacetada para encontrar uma solução, envolvendo uma diversidade de especialistas, incluindo empreendedores e políticos, cada um defendendo seus interesses. A magnitude da solução é evidente, exigindo concessões de muitos lados. A alternativa seria a extinção da humanidade ou, no mínimo, uma transformação drástica da sociedade. Tanto os excessos do capitalismo quanto os extremismos ambientais são insuficientes para resolver os desafios. Não existem soluções simples ou indolores. Acredito na possibilidade de harmonia entre a natureza e a humanidade, através da implementação de sistemas de mitigação, gestão hídrica e medidas de proteção enquanto trabalhamos para encontrar soluções duradouras. Qualquer outra coisa parece ser apenas uma utopia distante.
Engenheiro Civil e sócio da Toniolo Engenharia e Investimentos Imobiliários Ltda