Estefânia Mocelin
Em meio a um cenário extraordinário de grandes desafios e perdas irreparáveis, dar acolhimento afetivo à população mais idosa é uma questão social que se faz ainda mais necessária. Com boa parte do seu território assolado pela água em decorrência dos eventos climáticos extremos em andamento, com inúmeros bloqueios de acesso e isolamento social, o Rio Grande do Sul tem grande representatividade neste contexto.
Basta lembrar os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou o Estado como aquele com maior percentual de idosos no País. Nada menos que 2.193.416 pessoas com 60 anos ou mais, o equivalente a 20,15% da população.
Seja no momento de crise ou na retomada da vida "normal", a socialização e o acolhimento anímico são vias que devemos percorrer. E os caminhos, muitas vezes, são mais simples do que imaginamos. Em boa parte dos casos, esse gesto está ao alcance de todos.
Ter uma escuta ativa, por exemplo, nos dispondo a ouvir, mesmo que as histórias se repitam ou não tenham nexo. Conceder amparo fazendo com que o idoso perceba que se importam com ele, tanto na esfera física quanto mental. Estimular o seu senso cognitivo - respeitando as limitações de cada indivíduo -, seja com conversas, pequenas atividades, caminhadas e trocas que lhes deem referência social no círculo a que pertençam - seja no círculo de família, amigos ou qualquer outro ambiente.
Podem parecer dicas simples, mas são instruções diretamente ligadas à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o envelhecimento ativo da população, que toma por base quatro pilares: saúde (bem-estar biopsicossocial), participação (social - cidadania - cultural, espiritual), segurança/proteção e aprendizagem ao longo da vida (aprendizado formal ou informal).
Entre muitos verbos que podem ser conjugados neste momento, acolher é um dos mais essenciais. A saúde e o bem-estar do público idoso passam pelo acolhimento. É com carinho e cuidado que valorizamos a vida. E, mais do que nunca, a empatia volta a ser uma das chaves da engrenagem que nos torna mais humanos e, quando unidos, comunidade.
Geriatra Magno Três Figueiras São Pietro