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Publicada em 13 de Maio de 2024 às 18:18

Um manifesto pela razão

Guilherme Vieira, advogado

Guilherme Vieira, advogado

Arquivo pessoal/Divulgação/JC
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Guilherme Vieira
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Condições climáticas extraordinariamente específicas fizeram quantidades inéditas de nuvens estacionarem e desaguarem sobre o Rio Grande do Sul. Os principais afluentes do Estado inundaram cidades inteiras, restando um número incontável de vítimas. A tragédia hoje enfrentada apequenou a histórica cheia de 1941.
Desse cenário de guerra, ficou um terreno fértil para a colheita do mais perigoso sentimento: o medo. E, dessa colheita, os aproveitadores sabem bem como prosperar. Fingem altruísmo, propagam desespero, e não se envergonham de criar mentiras. Tudo vale para lucrar no espetáculo do horror.
O Brasil e o mundo têm assistido o replicar em massa desses estelionatários. Aparecem a todo tempo nas redes sociais, onde vivem justamente do empobrecimento do debate público e do enfraquecimento do tecido social. Seus seguidores crescem das narrativas de divisão, e se retroalimentam em uma audiência sedenta por ódio.
Em tempos normais, essa receita leva à falência do estado democrático. No cenário de catástrofe, então, aumentam as ameaças existenciais. Não se comportar racionalmente no longo caminho até a reconstrução do Rio Grande e de um ambiente climático equilibrado, é acelerar a marcha para a extinção.
Negociar com a natureza não é missão para um só prefeito, governador ou presidente. Negociar, aliás, é o máximo que se pode fazer: algumas melhorias aqui, outras ali. No final, é ela quem reina soberana. Somos corpos frágeis diante de uma força impiedosa. Dias melhores só virão por um caminho: uma revolução - mas não uma de rupturas violentas.
É momento de 11 milhões de gaúchos se unirem em paz para pensar soluções para essa nova e ameaçadora realidade. De 200 milhões de brasileiros discutirem racionalmente o tributar, o administrar, o proibir ou legalizar, o desmatar ou produzir. De um planeta inteiro renegociar seu débito climático.
É hora de uma revolução pela razão. O primeiro passo na direção do amadurecimento coletivo é o cancelamento dos influenciadores da bile.
Advogado e mestrando em Direito Público pela Unisinos
 

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