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Publicada em 09 de Maio de 2024 às 20:06

12º cadastro? Não vai rolar

Maurício Coloniezzi Erthal, vice-diretor Administrativo do Colégio Marista Rosário

Maurício Coloniezzi Erthal, vice-diretor Administrativo do Colégio Marista Rosário

Arquivo pessoal/Divulgação/JC
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Maurício Coloniezzi Erthal
Maurício Coloniezzi Erthal
Há muitas provas de que para a solidariedade não existem limites. Credos, partidos políticos, etnias, instituições e particulares, todos estão no mesmo nível de entrega e esforço. Na solidariedade verdadeira não há se quer cargos. Há língua comum, aspirações únicas e muita, mas muita vontade de acertar.
O que o povo gaúcho vem vivendo nos últimos dias, é a prova inconteste disso tudo. A solidariedade passa a ser então, um nome próprio, como se fôssemos a mesma instituição ou pessoa. Na prática solidária, não há diferença entre o grande navio com mantimentos e aquele (a) que oferta sua palavra neste momento de dor.
Os órgãos públicos, todos, sem exceção, já possuíam minha profunda admiração. Nesta feita, passo a respeitá-los ainda mais. Quem está vivendo o dia de um espaço de acolhida, tem provas disso. Vocês cumprem o seu dever sim; possuem o desejo de acertar sempre e desprenderam seus profissionais com emprego de toda técnica necessária e o rigor que o momento exige.
Em todos os espaços de acolhida, foi necessário conhecermos as pessoas e sua história. O marco zero, foi a realização de um cadastro. Depois outro…Depois outros 12 aconteceram. Todos com a melhor das intenções e com a técnica necessária, revestida de humanidade.
Todos os órgãos de proteção públicos, sem exceção, alguns deles repetidas vezes, fizeram o seu cadastro. Algum deles, por seus agentes, narraram que faziam este gesto por solidariedade, inclusive. Como um dos responsáveis de espaço de acolhimento, aceitei todos, até o 12º, que foi e continuará sendo o último cadastro feito no espaço onde estou com os irmãos desabrigados.
Não permitirei mais, aqui, novas anamneses, coleta de dados, questionamentos direcionados a eles. Peço que se organizem em seu "gesto solidário", necessário e técnico.
Obviamente, todos sabemos o porquê disso ocorrer. Na crise, a fragilidade de um sistema de dados fora do ar ou a ausência de um protocolo único de como agir em um momento como este, atuam na contramão da contingência e desrespeitam a pessoa humana que já está em sofrimento e sem respostas.
Confesso a vocês. Estou propenso a ceder a formalização do 12º cadastro, a partir do momento em que o poder público e os órgãos de controle de direitos disserem: - chegou o momento desta grande família dar um até breve! Vamos para novos lares! Até lá, agradeço aos que me compreenderam, mas enquanto isso não ocorrer, o 12º cadastro não irá rolar por aqui.
Vice-Diretor Administrativo do Colégio Marista Rosário
 

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