Envelhecer é reconhecer a beleza do percurso

Adoramos ouvir as histórias dos idosos, mas muitas vezes restringimos sua importância a apenas isso

Por JC

Michele Silveira, coordenadora do Programa Maturidade Ativa Sesc/RS
Michele Silveira
Erroneamente, algumas pessoas associam a palavra "velho" a algo ruim. Quando usada como adjetivo - de forma limitadora - pode ser pejorativa. "A pessoa não pode fazer isso porque é velha". Quem determina isso? No dicionário, duas definições chamam a atenção: que tem muito tempo de vida e que possui vasta experiência.
Adoramos ouvir suas histórias, mas muitas vezes restringimos sua importância a apenas isso. Só quem convive com os mais maduros talvez compreenda a dimensão do que eles, não somente têm a nos ensinar, mas são capazes de realizar.
Curiosamente, o Estatuto da Pessoa Idosa é jovem. Criado há 20 anos para garantir os direitos de quem já passou dos 60 anos, é um marco também na minha trajetória pessoal e profissional.
Em 2003, quando o Sesc/RS criou o programa Maturidade Ativa, fui facilitadora do grupo Redenção. Pude acompanhar com alegria o crescimento dessa iniciativa promotora do envelhecimento ativo e saudável e me orgulho de hoje estar à frente de um dos maiores projetos para pessoas idosas do Brasil, que atende mais de 6,5 mil membros no Rio Grande do Sul.
Com ações de lazer, cultura, educação, esporte, saúde e engajamento conseguimos oferecer momentos de aprendizagem e estabelecer um novo sentido para esse momento. Pessoas idosas podem trabalhar, ensinar, dirigir, construir, namorar, saltar de paraquedas, formar uma banda, vencer no esporte. Podem o que quiserem. Com disposição e apoio dos "novos", sem esquecer de incluir os "velhos" nas decisões sobre eles mesmos, podemos solidificar o conceito de que envelhecer é uma conquista.
Exemplo disso é a Convenção Sesc Maturidade Ativa que, em novembro, reunirá mais de mil participantes em Torres para celebrar o Mês da Longevidade, comemorado em outubro, e os 20 anos do programa.
E se engana quem pensa que eles querem atividades "leves". É só a música começar a tocar que a energia da dança contagia. A convivência conecta e transforma os que vivem essa experiência.
E para quem ainda não chegou lá e não consegue enxergar a beleza do percurso, essa é uma referência de vitalidade que deve ser objeto de desejo de todos.
Coordenadora do Programa Maturidade Ativa Sesc/RS