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Opinião

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editorial

- Publicada em 21 de Junho de 2023 às 00:25

O endividamento da população e o consumo no País

Milhões de brasileiros têm dificuldades de pagar suas dívidas. Além do poder de compra reduzido e remuneração incompatível com o custo de vida, o desemprego é responsável pelo avanço significativo da inadimplência das famílias no Brasil, algo que se fortaleceu na pandemia, quando milhares ficaram de fora do mercado de trabalho.
Milhões de brasileiros têm dificuldades de pagar suas dívidas. Além do poder de compra reduzido e remuneração incompatível com o custo de vida, o desemprego é responsável pelo avanço significativo da inadimplência das famílias no Brasil, algo que se fortaleceu na pandemia, quando milhares ficaram de fora do mercado de trabalho.
Os reflexos desse conjunto de fatores são sentidos no longo prazo e confirmadas na última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No mês passado, a proporção de famílias com dívidas a vencer estava em 78% - nível bastante superior ao mesmo mês de 2022.
A classe média se mostra a mais impactada, com índices de endividamento superiores aos dos que detêm renda familiar mensal de até três salários-mínimos e dos que recebem acima de 10 mínimos mensais. Para esses, houve recuo no indicador. Já para as famílias com renda de três a cinco salários-mínimos, o percentual cresceu de 78,7% para 79,6%, e na faixa de cinco a 10 mínimos, passou de 77,8% para 78%. Expansão que se repetiu também na inadimplência da classe média, única faixa salarial que registrou crescimento na análise de maio da CNC.
O alcance de benefícios como o Bolsa Família e a retomada das contratações de trabalhadores com menor nível de escolaridade ajudam a explicar a estabilidade dos níveis de endividamento das famílias que recebem até três mínimos. E vem aí mais política pública para devedores com renda até dois mínimos mensais (teto) ou que estejam no Cadastro Único de benefícios sociais do governo: lançado neste mês e ainda sem data certa para começar, o programa Desenrola pretende atingir 70 milhões de brasileiros, entre a faixa salarial já definida e devedores junto a instituições bancárias, as chamadas faixa I e II, desde que o valor devido não ultrapasse R$ 5 mil em ambos os casos.
A classe média, porém, que figura no topo da lista do endividamento, permanecerá desassistida do ponto de vista de políticas públicas. O risco de inadimplência deve se manter em alta neste grupo, considerando também a política de juros elevados que dificultam o pagamento de dívidas atrasadas, pressionam o orçamento e pioram a saúde financeira das famílias.
Hoje, o Banco Central vai anunciar a nova taxa básica de juros da economia, atualmente em 13,75% ao ano. A tendência é que o índice seja mantido. Mas uma sinalização de recuo numa próxima reunião do Copom já será um avanço para grande parte da população e das empresas.