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Publicada em 30 de Março de 2020 às 13:51

O que sua marca pode aprender com os unicórnios

Débora Chagas é especialista de Inovação do SEBRAE-RS

Débora Chagas é especialista de Inovação do SEBRAE-RS

MARCO QUINTANA/JC
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Giana Milani
Giana Milani
Um novo conceito invadiu o mundo dos negócios recentemente e tem moldado o universo das marcas. A denominação "unicórnio" está relacionada às startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. O grupo muda constantemente, mas, hoje, o Brasil tem 12 empresas que se encaixam nessa categoria. E, por crescerem exponencialmente, elas têm muito a ensinar aos formatos tradicionais de empreender.
Um novo conceito invadiu o mundo dos negócios recentemente e tem moldado o universo das marcas. A denominação "unicórnio" está relacionada às startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. O grupo muda constantemente, mas, hoje, o Brasil tem 12 empresas que se encaixam nessa categoria. E, por crescerem exponencialmente, elas têm muito a ensinar aos formatos tradicionais de empreender.
Os unicórnios nacionais surgiram, em sua maioria, há menos de 10 anos. Eles chegaram à cifra por terem uma característica fundamental para qualquer startup: a inovação. O foco do seleto grupo atrai aportes de investidores que acreditam no modelo. O número total de unicórnios no mundo, segundo dados da Crunshbase, é de 558 startups, que, juntas, somam US$ 1,9 trilhão em valor de mercado.
No ano passado, surgiram 142 novos, sendo cinco deles brasileiros. O País ficou em terceiro no ranking de criação de unicórnios em 2019, empatado com a Alemanha.
Os Estados Unidos liderou a lista (78), seguido pela China (22). A plataforma 99 se tornou o primeiro deles no Brasil, em 2018, ao ser adquirida pela chinesa Didi Chuxing. Entretanto, a mais recente empresa a alcançar o patamar foi a Loft, em janeiro de 2020. A startup paulista, com foco na reforma e na venda de apartamentos, tem apenas dois anos de atividade.
Para inspirar os negócios gaúchos, o Marcas de Quem Decide conversou com alguns deles. Cada qual com sua particularidade, uma coisa é certa: depois do bilhão, é necessário esforço para oferecer um serviço de qualidade e nunca parar no tempo. 

Raio X do unicórnio

A coordenadora estadual de Startups e Economia Digital do Sebrae-RS, Débora Chagas, aponta uma equívoco muito habitual em relação à denominação "unicórnio". "É comum a confusão entre um unicórnio e uma empresa que enriqueceu. Os unicórnios são startups que cresceram. Podem inclusive, não obter lucro agora. O foco é na aquisição de clientes e buscar receita para o futuro", explica. "Temos o caso do iFood, por exemplo, que para isso investiu bastante em publicidade televisiva."
Débora especifica, ainda, que a startup se diferencia por ser escalável. "O olhar dos unicórnios é disruptivo. No caso dos aplicativos de mobilidade, muda a forma das pessoas se transportarem", destaca.
Antes de criar qualquer startup, Débora orienta a pensar em algo que as pessoas se afeiçoem, aliado à experiência de compra e que torne os usuários engajados. Resumindo, é preciso entregar o que o cliente quer. "A equipe também é bem importante. Os talentos devem ser complementares", diz. Outra dica é fazer um acordo de vesting, ou seja, um acordo entre os sócios, para evitar possíveis complicações futuras. De acordo com ela, não seguir esses passos pode ser crucial para o erro.
Débora desmitifica que startups são geridas e desenvolvidas exclusivamente por profissionais da faixa etária mais jovem. "A experiência dos sócios e a bagagem deles são muito importantes", comenta.
A coordenadora afirma que, entre as startups gaúchas, a Warren (fintech voltada para investimentos) e a Aegro (software de gestão agrícola) podem chegar a unicórnios. Porém, de acordo com sites especializados e indicações do mercado, Débora aponta que a catarinense Resultados Digitais (RD), plataforma de gerenciamento e automatização das ações de marketing digital, provavelmente será o 13º unicórnio brasileiro.

A startup que mudou a forma de se fidelizar a uma academia

Leandro Caldeira, CEO no Brasil da Gympass: um novo jeito de tirar as pessoas do sofá

Leandro Caldeira, CEO no Brasil da Gympass: um novo jeito de tirar as pessoas do sofá

Giuliano Ceccatto/Divulgação/JC
O mundo muda, e as marcas precisam acompanhar o movimento. Um dos unicórnios brasileiros, a Gympass, colocou em xeque a questão da exclusividade do local de treino. As academias tradicionais têm duas opções: lutar contra esse conceito ou formar novas parcerias.
A Gympass foi fundada em 2012 e, a partir de um redirecionamento no ano seguinte, conquistou mercado. Hoje, está presente em 14 países dos continentes americano e europeu, e tem planos de expansão para a Ásia.
O serviço foi criado como uma assinatura de academia que contemplasse usuários que desejavam manter uma rotina de treino sem local fixo. O consumidor teria a possibilidade de adquirir o passe por um valor mensal e, assim, exercitar-se em qualquer local parceiro ao apresentar o check-in on-line.
O CEO nacional da startup, Leandro Caldeira, aponta três características que podem servir de inspiração: a reinvenção, a internacionalização e o modelo de gestão. "Pego o feedback do que está acontecendo e melhoro. O erro faz parte do negócio. O esperado é você errar barato e rápido", detalha.
Caldeira ressalta que o business to consumer (B2C - negócio para o consumidor final) permanece em funcionamento no Brasil e no México, mas que não é prioridade. "Olhando para frente, vamos descontinuar o plano pessoa física", revela. Em alguns lugares no exterior, a modalidade nem chegou a ser ofertada.
Desde 2013, o forte da startup é o business to business (B2B - negócio entre empresas). O momento de virada veio quando, em um dia, foram adquiridos mais passes que no ano inteiro. A compradora foi uma empresa que iria distribuí-los como benefício para seus colaboradores. A ação despertou o interesse da Gympass para o plano corporativo.
"No B2C, estávamos levando o usuário que a academia já tinha, com custo de aquisição muito elevado. Aprendemos que, no B2B, conseguiríamos encaminhar um perfil diferente, que não era do mercado de academia", explica Caldeira. "Começamos a agregar valor, também, para a empresa, pois não era uma solução para quem já usava, mas, sim, para estimular o indivíduo que está no sofá a fazer alguma coisa." Para o usuário, salienta, tornou-se uma forma mais fácil, inteligente, flexível e barata de realizar atividades físicas.
A globalização iniciada no México, em 2015, foi rápida. Em 2016, a Gympass já estava na Europa e, em 2017, nos Estados Unidos. "O Brasil é um país muito grande, e as empresas ficam aqui por muito tempo porque têm espaço. Eventualmente, perde-se o 'timing' de expandir para fora. Alguns países, como Israel, que é pequeno, pensa muito em globalização", avalia.
A startup observou o cenário internacional e percebeu que ninguém estava com uma proposta semelhante. "Antes de alguém sair copiando, fomos lá e executamos. Outro incentivo foi a demanda de clientes, porque multinacionais estavam determinadas a expandir o programa para funcionários fora do Brasil." O próximo passo, para a Ásia, onde a Gympass pretende chegar em 2020, requer estudo mais aprofundado. "Ao contrário da expansão anterior, a Ásia é diferente. Tanto pelo fuso horário, culturas, jeito de fazer negócio e, em particular, Índia e China, pela magnitude", relata.
A gestão da startup, que possui 1,1 mil colaboradores, é o terceiro destaque ressaltado por Caldeira. "Temos um modelo horizontal, com pouca hierarquia, muito espaço para ideias."
Uma das 1.144 academias que aceitam a Gympass no Rio Grande do Sul é a Moinhos Fitness Cristal, em Porto Alegre. A parceria foi iniciada em novembro de 2015, segundo o gerente do local, Osvaldo Boeira Neto. "Percebo que várias pessoas não frequentavam uma academia e algumas comentam que a empresa onde trabalham oferece o benefício, por isso aproveitaram e começaram a se exercitar", diz.
Neto afirma que o aluno via passe possui o mesmo tratamento que o regular. "Abraçamos esse cliente, porque se ele vai falar mal, será do nosso negócio. Fazemos o cadastro, plataforma de treino", argumenta. O gerente contabiliza que a média de presença através da Gympass na unidade é de 60 usuários mensais. "É um número bom e acaba agregando. Por exemplo, o pai tem direito pelo trabalho, mas a esposa e o filho não, e eles vêm juntos."
Localizada, também, na capital gaúcha, a Crossfit 4All é outro centro de atividades que trabalha com a startup, com a colaboração iniciada em 2016. A sócia-proprietária Carolina Pinho estima uma média de 50 a 55 usuários mensais que frequentam através do passe. "A Gympass trouxe diferentes clientes para a empresa", sinaliza. Ela garante que a partir da experiência da utilização das dependências, alguns alunos se matricularam na academia.

Plataforma elimina burocracia no aluguel e inicia teste para compra e venda de imóveis

Arthur Malcon, gerente regional do Quinto Andar

Arthur Malcon, gerente regional do Quinto Andar

Quinta Andar/Divulgação/JC
O mercado imobiliário já teve que se adaptar inúmeras vezes. Antigamente, o público ia até uma loja para ver as ofertas de apartamentos e casas. Em seguida, a internet seria a vitrine dos usuários, sem tanta necessidade de contato físico. Agora, mais um salto: uma startup brasileira aposta na intermediação do processo - e, mais, sem burocracia. As tradicionais marcas do ramo estão preparadas para isso?
 
Na startup de locação Quinto Andar, o cliente pode escolher um imóvel on-line, além de não precisar seguir trâmites tradicionais, como o depósito caução e a indicação de um fiador. A solução da empresa a fez figurar na cobiçada lista de "unicórnios". Apesar do êxito, o gerente regional, Arthur Malcon, revela que a companhia não se prende, exclusivamente, a essa nomenclatura. "Procuramos não pensar muito em títulos como o de 'unicórnio' porque temos o foco específico de transformar a forma como as pessoas se relacionam com a moradia. E não queremos desviar dele", explica.
 
Malcon ressalta, no entanto, que uma característica comum entre as startups que alcançam esse patamar é a vontade de resolver problemas. "O Quinto Andar mexe no mercado como um todo ao mudar para melhor a forma como as coisas são feitas fundamentalmente", detalha. "Estamos na era da experiência, na qual as pessoas priorizam acesso à posse. Nesse contexto, sai na frente a marca que se dedica a criar soluções que gerem impacto positivo e resolvam problemas reais do dia a dia", acrescenta.
 
A inovação de todas as etapas, desde o anúncio até a assinatura e administração do contrato, segundo ele, foi pioneira a nível mundial. Essa novidade aprimora a análise de crédito, a negociação, o pagamento, o seguro, as visitas e a busca. "Impactamos o setor e elevamos a barra de serviços prestados. Nosso diferencial é a tecnologia, que usamos para eliminar a burocracia do segmento, dar mais segurança e facilitar a experiência de ponta a ponta para o inquilino e para o proprietário", argumenta.
 
No modelo do Quinto Andar, o inquilino é aprovado pela análise de crédito. Ao proprietário, fica assegurado o repasse do valor do aluguel em dia, independentemente do pagamento por parte do locador. "No fim do contrato, oferecemos proteção de até R$ 50 mil para reparos no imóvel, caso fique algo por fazer", evidencia o gerente. Malcon assegura que o sistema de análise de crédito, baseado em tecnologia e dados, tem resultado positivo, gerando um nível classificado como "baixíssimo" de inadimplência.
 
A startup opera, atualmente, em mais de 30 municípios brasileiros. Em Porto Alegre, chegou em janeiro de 2019. A capital gaúcha totalizou 20 milhões de buscas no ano passado, ficando em quarto lugar na plataforma, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O bairro mais buscado foi o Centro Histórico. Na sequência, vêm Bom Fim, Cidade Baixa, Menino Deus e Auxiliadora.
 
O executivo cita que um ponto curioso observado no Rio Grande do Sul é que, mesmo sendo a 'capital do churrasco', Porto Alegre figura na 13ª posição da relação de imóveis com churrasqueira. A comodidade é presente em apenas 15% das moradias anunciadas. Novo Hamburgo encabeça o ranking, com 37% dos imóveis com churrasqueira.
 
Em dezembro, o Quinto Andar divulgou um desafio em outra área: a de compra e venda. O teste começou em São Paulo, mas a expectativa é que, gradualmente, propague. Para 2020, o "unicórnio" deseja consolidar a presença nas regiões metropolitanas e continuar a desenvolver produtos e serviços que aperfeiçoem a experiência de morar.
 
Malcon explica que a empresa faz parcerias com imobiliárias tradicionais, dando visibilidade a seus imóveis e acesso à plataforma. "Elas são potenciais aliadas para nós. Nosso sistema ajuda a otimizar a operação e complementar a proposta de valor", esclarece. "A parceria tem sido muito boa, levando a aumentos que rapidamente chegam a 30% no número de contratos por mês nessas empresas."
 
Uma das atuais 30 imobiliárias parceiras do Quinto Andar é a gaúcha Foxter, fundada em 2010. O sócio-diretor do empreendimento, João Bergamini, comenta que a startup e a imobiliária se complementam na locação e administração de imóveis residenciais . "A Foxter possui uma carteira de mais de 20 mil imóveis disponíveis para venda e, através dessa parceria, começamos a atuar também com locação", diz. "Além disso, todos os imóveis disponíveis para aluguel possuem fotos profissionais, o que facilita bastante a busca."
Bergamini afirma que a tecnologia impacta diretamente o mercado imobiliário. "Assim como mudamos de forma radical a maneira que nos transportamos através dos aplicativos, em breve, será possível observar claramente uma alteração na forma de moradia da população", expõe. Para ele, o modelo on-line do Quinto Andar aumenta a quantidade de investimentos em imóveis concebidos e projetados para o aluguel. Ou seja, o cenário possui um percentual maior de pessoas que decidem partir primeiro para a locação ao invés da aquisição definitiva.
 

Primeira unicórnio do Brasil,99 quer continuar a crescer

Clarissa Brasil é gerente de Operações-Sul da empresa

Clarissa Brasil é gerente de Operações-Sul da empresa

99/DIVULGAÇÃO/JC
Se tem um setor que passou por uma transformação que afetou a vida de todo mundo foi o de mobilidade urbana. Novas marcas chegaram para abocanhar o mercado, pegando profissionais desprevenidos. Agora, não tem mais volta.
 
Nesse contexto, mais de 18 milhões de pessoas no Brasil utilizam o serviço da primeira startup que alcançou o status de unicórnio no País: a 99. Os dados são da própria empresa, atuante em 110 cidades gaúchas. No Rio Grande do Sul, a lista é composta desde municípios com poucos habitantes, como por exemplo, Alto Feliz, que teve uma população estimada em 3.028 pessoas em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até Porto Alegre.
 
A 99 trabalha com seis tipos de serviço: a 99Pop, a categoria de carros particulares; a 99Taxi; a 99Top, serviço de táxis de luxo; a 99Compartilha, serviço de corridas compartilhadas; e o 99Comfort, que reúne comodidade de carros mais novos e espaçosos; e a 99Food, que começou a operar em Belo Horizonte no final do ano passado.
 
Fundada em 2012, em São Paulo, a empresa foi comprada em 2018 pela chinesa Didi Chuxing ("DiDi"), que naquele período também iniciou seus serviços de mobilidade com marca própria no México e na Austrália, além de uma joint venture com o Soft Bank Corp. para oferecer serviço de táxi compartilhado no Japão.
 
De acordo com a gerente de Operações-Sul da 99, Clarissa Brasil, após a aquisição, a startup cresceu sete vezes. Portanto, para 2020, a expectativa é continuar no ritmo acelerado, mas de forma robusta e sustentável. A executiva diz que o objetivo é consolidar os serviços, melhorar a experiência de motoristas e passageiros e investir no desenvolvimento de novos negócios. Embora com resultados positivos, a ordem é não se acomodar.
 
A plataforma possui cerca de 1 mil colaboradores em território nacional e conecta mais de 600 mil motoristas parceiros. O cálculo do ganho dos condutores é feito independente ao valor pago pelo passageiro, sendo considerados o tempo e a quilometragem da corrida.
 
Clarissa explica que o motorista recebe um valor mais rentável em situações que fujam ao seu controle. Para estimular que eles optem pela plataforma, são oferecidos incentivos financeiros em horários de pico, com o intuito de promover mais lucro em período de grande demanda. Outra maneira de atraí-los é o pagamento em até um segundo para 99,9% dos condutores que utilizam o Cartão 99.
 
A empresa mantém ainda o SOMOS, um programa de relacionamento que conta com uma rede de apoiadores. "Há descontos em consultas médicas, cursos de graduação e capacitação, acesso a serviços de auxílio para recursos a multas e reciclagem da CNH, além de vantagens especiais em restaurantes, lava-jatos e oficinas", destaca Clarissa.
 
Para driblar a concorrência de outras empresas que atuam no mesmo segmento, a 99 investe na busca da oferta de melhor preço aos passageiros. "Contamos com uma política de democratização do acesso ao transporte. Desta forma, garantimos preços até 15% menores nas áreas periféricas em relação ao centro expandido das cidades em que atuamos, sem que isso impacte os valores repassados aos motoristas", explica.
 
De acordo com ela, essa política designada como democratização da mobilidade, desestimula o uso do carro próprio e fomenta o compartilhamento e a economia inteligente.
 
Para a executiva, a promoção do acesso é um pilar muito importante da 99, uma atitude, inclusive, que pode inspirar marcas tradicionais. "Felizmente, conforme dados recentes da 99, 67% das viagens de Porto Alegre e Região Metropolitana começam ou terminam fora do centro expandido da capital gaúcha - o que significa que nosso serviço já é acessível para grande parte da população", comemora.
 
Para Clarissa, por já nascerem com um DNA de tecnologia, inovação e dinamismo, os unicórnios propõem novos modelos de negócio e alteraram os já existentes, trazendo ganhos para todos. "Hoje, o Brasil está entre os 10 maiores produtores de unicórnios do mundo. Com a força que esse ecossistema vem ganhando, em 2020, os unicórnios serão uma realidade ainda mais presente neste País", avalia.
 
"Acredito que novas tecnologias continuarão surgindo com uma velocidade cada vez maior, e isso desafiará as marcas a se tornarem relevantes para os seus consumidores, principalmente em termos de experiência", comenta. As empresas, segundo ela, precisam ter mais flexibilidade para mudanças e mais agilidade na criação de produtos. "Ter uma cultura de inovação sólida será essencial para quem quiser se manter competitivo", detalha.
 
Ao aconselhar as novas startups que vêm sendo criadas, ela revela que o grande segredo é trabalhar firme com propósitos bem definidos. A 99 emprega a ideia da experiência do colaborador e do passageiro. Um dos focos é proporcionar segurança. Por isso, para a foto estar sempre atualizada para conferência, é realizado reconhecimento facial periódico com todos os motoristas antes deles se conectarem. "Disponibilizamos, no aplicativo, um kit de segurança que possibilita os usuários ligarem para o 190 e compartilharem rotas em tempo real com até cinco contatos de confiança. Contamos, também, com uma equipe especializada, que trabalha 24 horas oferecendo apoio."
 
A unicórnio age internamente para que o funcionário seja desafiado profissionalmente, mas que se sinta confortável. O escritório, afirma Clarissa, é moderno, com espaços de relaxamento, como salas de descanso e meditação. No Pet Day, os colaboradores levam seus animais de estimação. "Possuímos, ainda, grupos afirmativos formados por funcionários negros, LGBTQ e mulheres para aumentar a conscientização e promover mudanças positivas para a companhia e fora dela".
 

Para ir além do delivery de comida

Mais de 131 mil restaurantes possuem cadastro na iFood, sendo registrados 26,6 milhões de pedidos mensais

Mais de 131 mil restaurantes possuem cadastro na iFood, sendo registrados 26,6 milhões de pedidos mensais

iFood/Divulgação/JC
Há até pouco tempo, solicitar qualquer entrega de comida só era possível através de ligações telefônicas. A startup iFood, que iniciou a operação em 2011, evoluiu esse formato de delivery para atender os adeptos dos aplicativos e novas tecnologias. As marcas podem integrar a plataforma e ver seus números aumentarem.
Nela, o usuário pode escolher o restaurante, o prato, acrescentar ou excluir ingredientes e, ainda, acompanhar em tempo real o andamento do pedido. A linguagem é descomplicada e o app agrupa os estabelecimentos parceiros em diversas categorias. Entre elas, "café & padaria", "doces & bolos" e "cozinha rápida".
De acordo com a startup, atualmente, mais de 131 mil restaurantes possuem cadastro no iFood, sendo registrados 26,6 milhões de pedidos mensais.
Até o final de 2019, a foodtech alcançou presença em 912 cidades de todas as regiões do Brasil. O número representa alta de 98% em relação a 2018. Por meio de aquisições, a empresa também atua, desde 2016, na Colômbia e no México (onde se chama Sindelantal).
A iFood aponta, institucionalmente, que o crescimento está ligado à procura das pessoas pela conveniência e praticidade, inclusive na hora das refeições.
"Isso significa que os consumidores norteiam suas escolhas de acordo com o ritmo de sua rotina, buscando economizar tempo e esforços para se alimentar. Um dos nossos objetivos é que as pessoas deixem de cozinhar para usar esse tempo para curtir com a família, estudar ou fazer o que realmente gostam."
O foco da startup é continuar a desenvolver, constantemente, tecnologias voltadas para o universo de alimentação, porém, ultrapassando os limites do delivery.
Dessa forma, cada vez mais há investimento em inteligência artificial, logística e cobrança.
Uma das soluções é a possibilidade de pagamento em restaurantes físicos com o QR Code. Outro serviço é oaiFood Shop, um marketplace no qual os restaurantes da base da iFood podem comprar embalagens e insumos para seus negócios.
Foi lançado, ainda, no ano passado, a iFood Box, que permite que as entregas em empreendimentos de grande fluxo sejam depositadas em armários com isolamento térmico e posteriormente retiradas pelo usuário via QR Code.
"Oferecemos o 'Pra Retirar', onde o pedido e pagamento são feitos via app e retirados diretamente nos restaurantes. E estamos ampliando o serviço de entregas da iFood Mercado", acrescenta a empresa.
Através da iFood, restaurantes especializados em delivery ganharam mais visibilidade, impulsionando o empreendedorismo no nicho. Para a startup, o uso do aplicativo tem impulsionado também a inclusão digital para milhares de pessoas, "contribuindo para que os estabelecimentos melhorem a gestão do negócio e, consequentemente, aumentem o faturamento".
De acordo com um levantamento feito pela foodtech, os restaurantes cadastrados na plataforma apresentam, em média, crescimento de até 50% nos primeiros seis meses de parceria.
O unicórnio afirma que cada segmento tem sua própria realidade e cada marca é única. "A nossa empresa está fundamentada nos valores de inovação, simplicidade, excelência operacional, versatilidade, senso de dono, meritocracia, trabalho em equipe e resultados. E é nisso que acreditamos: em uma cultura bem definida, com pessoas apaixonadas pelo que fazem e que não se cansam em buscar soluções melhores todos os dias."
A iFood soma cerca de 2,9 mil colaboradores dentre os três países nos quais opera e pontua que o foco não está apenas no crescimento do negócio, mas também na atração e valorização de talentos.
Fundamental para o funcionamento da startup, os entregadores parceiros têm acesso ao iFood Delivery de Vantagens, programa desenvolvido que reúne descontos em diversos serviços e produtos.
"Entre as opções, estão desde assistência saúde, artigos esportivos e eletrônicos até cursos universitários. Outra iniciativa foi o Portal de Entregadores, um canal de conteúdo que é a principal fonte de informações para todas as dúvidas dos entregadores", relata a empresa.
Um benefício que atrai os entregadores é a cobertura pelo Seguro de Acidente Pessoal oferecido pelo iFood e operacionalizado pela MetLife e a MDS. A iniciativa cobre despesas médicas e odontológicas e oferece uma garantia financeira para a família em caso de acidentes. O seguro não representa custo para os parceiros.
É válido durante o período no qual eles estão logados na plataforma da foodtech e também no 'retorno para casa'- válido por duas horas e até 30Km do local da última entrega para quem trabalha de bicicletas, patinete ou a pé.

Fintech ajuda brasileiros a comprar em sites estrangeiros

André Boaventura, sócio do Ebanx

André Boaventura, sócio do Ebanx

Mauro Belo Schneider/Especial/JC
Você já deve ter percebido: a sua marca não concorre mais somente com os negócios nacionais. Graças a uma iniciativa criada em Curitiba, os consumidores podem comprar produtos de sites estrangeiros e pagar a conta com boleto.
O Ebanx é uma fintech, hoje unicórnio, que nasceu fora do eixo Rio-São Paulo. A startup inovou ao oferecer a solução para o brasileiro sem cartão internacional que desejava fazer compras em e-commerces da China, dos Estados Unidos, da Europa ou de qualquer outro lugar. Sendo assim, uma das primeiras apostas, há sete anos, foi uma parceria com o site Ali Express. Atualmente, além da empresa chinesa, o Ebanx atende contas como PlayStation, Spotify, Airbnb e Uber.
As cifras de faturamento também cresceram exponencialmente. Continue lendo esse conteúdo no site marcasdequemdecide.com.br.

Experiência 100% digital e cartão de crédito sem anuidade: a receita do Nubank para virar unicórnio

Cartão Nubank

Cartão Nubank

NUBANK/DIVULGAÇÃO/JC
Mesmo sem encontrar pontos fixos, desde 2014, o consumidor passou a considerar abrir uma conta em um banco um pouco diferente: totalmente digital. E isso tem impactado a vida das pessoas e das marcas.
Fundado por Cristina Junqueira (cofundadora e VP), David Vélez (fundador e CEO) e Edward Wible (cofundador e CTO), o Nubank tem mais de 15 milhões de clientes e se autointitula "a principal fintech da América Latina e o maior banco digital independente do mundo".
A globalização é recente. Em 2019, o Nubank começou a atuar no México e na Argentina. Mas os aportes iniciaram, ainda, em julho de 2013, quando a startup - ainda em fase de projeto - recebeu um investimento de US$ 2 milhões.
Desde então, através de sete rodadas, já somam US$ 820 milhões.
Uma das apostas da empresa brasileira é a conta digital, chamada de NuConta, considerada a maior fora do continente asiático, de acordo com a fintech. Ela permite transferências (TEDs) gratuitas para outros bancos, além de outros serviços. Entre eles, o rendimento do dinheiro depositado em conta. "Assim que qualquer valor é depositado, ele passa a render automaticamente, sem a necessidade de contratar produtos adicionais. Os rendimentos são superiores à poupança e acontecem todo dia útil, a 100% do Certificado de Depósito Interbancário com liquidez diária", argumenta, em nota, o Nubank.
Outro ponto é que a experiência para o uso do cartão de crédito seja totalmente digital, desde o momento do pedido, até toda a gestão das compras, limites e faturas. Mas o atendimento, seja por chat, e-mail, redes sociais ou telefone, destaca a startup, é humanizado. São mais de 2,4 mil funcionários em cerca de 30 nacionalidades.
Co-fundado por uma mulher, o Nubank aposta na alta participação delas (43%) em todas as funções e níveis de senioridade. Há, inclusive, uma grande comunidade LGBT: cerca de 30% da equipe.

O up na moradia que atrai um público que quer personalização em todos os segmentos

Mate Pencz é co-CEO da Loft, startup que virou unicórnio

Mate Pencz é co-CEO da Loft, startup que virou unicórnio

Loft/Divulgação/JC
Apartamentos antigos podem perder valor no mercado imobiliário por problemas na hidráulica, elétrica ou no visual. Muitos são amplos, com grandes cômodos e excelente localização. Nada que uma boa reforma não resolva. Foi essa a visão que teve a Loft, unicórnio brasileiro mais recente. "A empresa compra, reforma e vende apartamentos. Além disso, conta com um modelo de permuta que possibilita que o proprietário ofereça o seu imóvel antigo como entrada", explica um dos fundadores e co-CEO, Mate Pencz. É mais um player forte que altera o cenário imobiliário e faz as marcas do setor refletirem sobre o futuro.
 
A startup cresceu exponencialmente desde o lançamento, em agosto de 2018. Aumentou de 100 funcionários, em janeiro de 2019, para 450 até o final do ano passado. Para ainda este trimestre, Pencz estima que o número deve saltar para 550. Outra ampliação é relacionada à área de atuação da Loft. Começou em São Paulo, partiu para o Rio de Janeiro e, em breve, chegará à Cidade do México. "Hoje, a Loft atua em 24 bairros da capital paulista e o modelo pode, facilmente, ser replicado em outras cidades do mundo", detalha o co-CEO.
 
Pencz afirma que a iniciativa da startup apresenta uma oportunidade enorme em mercados emergentes. Desta maneira, a rápida ascensão da empresa, em menos de dois anos, chamou a atenção de investidores. "Levantamos um novo aporte de US$ 175 milhões. E os fundos chegam para agregar e para permitir que a Loft continue desenvolvendo o setor nessas localidades", ressalta.
 
O investimento reforça que o mercado está confiante na viabilidade a longo prazo e escalabilidade da plataforma, habilitada por tecnologia para impulsionar transações imobiliárias de forma eficiente. E isso serve de lição para outros negócios. "De uma maneira geral, as startups reagem rapidamente às mudanças. É importante ter um plano definido, mas não ter medo de fazer os ajustes necessários."
 
O co-CEO comenta, ainda, que o segmento residencial na América Latina apresenta uma oportunidade de US$ 6 trilhões, mas lamenta que a falta de transparência de dados consolidados contribui para listagens de baixa qualidade e redundantes, preços inflados e demora para finalizar transações, criando uma experiência dolorosa para compradores, vendedores e corretores.
 
De acordo com Pencz, a Loft foi desenvolvida para solucionar problemas de burocratização do processo, além de conferir previsibilidade, dinamismo e liquidez para o setor. "Uma dor do consumidor é encontrar o apartamento ideal, que atenda às suas necessidades. Muitas vezes, o imóvel precisa de reformas e modernização e, quando pronto, já não atende mais ao que o consumidor buscou no início de sua jornada. Isso gera uma frustração grande e gastos extras uma vez que, muitas vezes, a demora para vender o imóvel antigo acarreta despesas", argumenta.
 
Embora já tenha transacionado mais de mil apartamentos apenas em São Paulo, a Loft não tem previsão para operar no Rio Grande do Sul. "Mas estudamos o potencial de todo o território nacional", diz Pencz. O foco, no momento, é ampliar o portfólio de produtos e serviços. "Estamos expandindo para novas categorias e planejando escalar as linhas financeiras, incluindo hipotecas e seguros", destaca.
 

Missão: facilitar os pagamentos

Augusto Lins, presidente da Stone

Augusto Lins, presidente da Stone

Stone/Divulgação/JC
Já foi o tempo em que apenas uma ou duas bandeiras dominavam o mercado de máquinas de cartão de crédito. Agora, tudo está mais facilitado, com cobranças feitas até através de links.
 
E isso se deve ao aumento do número de empreendedores. Com a crise econômica e a diminuição de vagas de trabalho tradicionais, muitas pessoas precisaram abrir seus próprios negócios. O nicho despertou o interesse de startups, comoa Stone Pagamentos, conhecida por oferecer soluções de cobranças. Ela foi registrada na junta comercial em 2012, mas começou a operar em 2014. "O mercado de pagamentos no Brasil era altamente concentrado e verticalizado. Os clientes pequeno e médio tinham um serviço de pouca transparência. Não se entendia como, por que, quando e o que pagava", observa o presidente da Stone, Augusto Lins.
 
Segundo o executivo, esse cliente não tinha opções de escolha que pudessem evitar um serviço ruim. "Todo o processo demorava. O cadastro, a chegada da maquininha e o atendimento. Quando era atendido, tinha dificuldade na resolução. A qualidade era baixa e o preço alto", salienta. O desequilíbrio ente as duas pontas foi o que mais chamou a atenção da Stone, que soube transformar o problema em uma oportunidade para entrar no mercado.
 
A startup também quis atuar no segmento do e-commerce. "Nosso posicionamento é ajudar o pequeno e médio empreendedor a vender mais, a gerir melhor o seu negócio, a crescer", detalha.
 
A Stone é baseada em três pilares. O primeiro é o desenvolvimento de produtos com tecnologia própria, para não depender de terceiros. O segundo é ter a melhor área de relacionamento. "Não é o cliente que tem sempre a razão, mas ele é a razão da nossa existência", diz Lins. Já o terceiro é a criação e comunicação através do modelo de distribuição única. O trio tem a missão de alcançar o objetivo principal da fintech: ter o melhor produto. "Fizemos isso com um fator muito importante: as pessoas", relata.
 
A empresa sempre busca candidatos para integrar o time que tenham o perfil empreendedor. "Essa é a nossa cultura. Acreditamos que quem vai mudar o País é o empreendedor brasileiro. É ele que está gerando emprego e impulsionando a retomada. Sempre buscamos colaboradores para a equipe assim. O diferenciado é o nosso DNA", explica Lins.
 
Nem só das maquininhas a Stone é feita. No primeiro trimestre de 2019, por exemplo, foram feitos três novos investimentos para ampliar o leque de serviços.
 
De acordo com Lins, os produtos foram desenvolvidos através da demanda dos clientes. "Se ele me disser que precisa de uma máquina mais rápida, vou dar. Mudamos ferramenta de gestão, criamos a conta Stone, que faz transações. Somos muitos profundos no que fazemos e fomos estudar o que o lojista precisa de uma conta", enfatiza.
 
O unicórnio não divulga o número de clientes, tampouco se calça somente no título a ponto de se deslumbrar. "Queremos crescer. Entendemos que nosso negócio está prosperando e temos como objetivo ajudar empresas. Abrimos o capital em 2018. Aquilo não é nossa meta", justifica. "Temos a preocupação de sermos referência no Brasil. Somos uma empresa jovem, de crescimento rápido e buscamos promover o ecossistema dos empreendedores brasileiros".
 
Para este ano, a expectativa é positiva. "Estamos muito confiantes com 2020, as reformas estão em curso. Isso tende a atrair investimentos no País, gerar emprego e consumo", projeta. As novidades não param. Em parceria com o Grupo Globo, a Stone está lançando um produto inovador, chamado TON, para um segmento que até então não atendia, o dos microempreendedores e profissionais autônomos.
 

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