O varejo brasileiro viveu durante o início da década de 2010 um momento muito positivo. O emprego formal se expandindo, uma avalanche de crédito e a confiança alta e crescente. A cada dia assistíamos a abertura de novos negócios. Na segunda metade da década, o sinal inverteu. A economia viveu a maior recessão da sua história. O PIB brasileiro caiu dois anos seguidos, algo que não se via desde o biênio 1930-31. No epicentro da crise, o país viu o encerramento de três milhões de postos formais de trabalho e o fechamento de um incontável número de empresas. E desde então patinamos na recuperação.
Os momentos são diferentes, mas os desafios para quem tem por missão defender os empreendedores são igualmente grandes. Nos tempos de crescimento, muitas vezes as pessoas diminuem a importância relativa de avançarmos em reformas, de melhorarmos o ambiente de negócios. O crescimento tem a capacidade de mascarar nossas fraquezas. Por outro lado, recessões tendem a escancará-las. E nesse tempo, fica clara a urgência de tornarmos o país um ambiente em que o ato de empreender não seja inibido por legislação, tributação, falta de crédito, insuficiência logística e/ou tecnológica. Empregos são gerados por aqueles que tem disposição e coragem de empreender. Entretanto, isso precisa ser algo natural, e não um ato heroico.
Todos os dias, na Fecomércio-RS, temos um compromisso: fazer com que no RS e no Brasil a principal preocupação do empreendedor seja o seu negócio. E para isso, trabalhamos constantemente junto ao Executivo e ao Legislativo para que o lado de quem promove o crescimento seja efetivamente considerado. Além disso, temos uma função legal importantíssima ligada às negociações coletivas, condição fundamental para mantermos equilibrada a balança capital-trabalho. Somos ainda fonte recorrente de informação confiável, além de sermos promotores de iniciativas que levam educação, cultura e saúde para comerciantes e comerciários.
Num tempo de tantas mudanças, buscamos nos renovar cotidianamente e cada vez mais nos posicionarmos frente as mais diversas discussões, pois sabemos que grande parte dos problemas atuais resultaram da omissão da sociedade no passado. Acreditamos que o diálogo é uma ferramenta poderosa que promove uma sociedade mais justa e próspera. E nós, ao representarmos milhares de estabelecimentos comerciais do Rio Grande do Sul, seremos sempre a voz de uma maioria silenciosa que tem um papel fundamental na dinâmica da geração de renda que, não só merece, mas deve ser escutada.