Ser um governador de problemas ou um governador de soluções? A resposta que prefiro dar a este dilema resume bem o propósito com que nos dispusemos a conduzir o atual mandato à frente do Palácio Piratini. Trabalhamos, desde antes da posse, para encontrar saídas administrativas inovadoras, reconhecendo as adversidades que rondam o nosso Estado, mas sem deixar que elas nos imobilizem. Ou seja, queremos ser um governo de soluções, o que não significa prometer a resolução de todos os problemas.
O percurso que estamos planejando seguir irá consumir muito mais do que sensibilidade social, energia política e foco absoluto na responsabilidade fiscal. Vamos precisar, também, de algumas doses de coragem, pois os ajustes exigirão sacrifícios e vontade de fazer, o que nos desafia e entusiasma. A crise do setor público gaúcho precisa ser estancada, uma vez que já está contaminando os demais aspectos da vida do Estado. Este ímpeto por agir ganhará força se a ele acrescentarmos o melhor da nossa criatividade.
Não há receitas prontas, por isso estimulamos a interação com todas os atores da nossa sociedade, de todos os poderes, funcionários públicos ou não, empresários e a população em geral, para que cada um ajude a retirar o Rio Grande do Sul do ciclo perverso onde se embretou nas últimas décadas. A responsabilidade é de todos nós. O caminho em que apostamos é o da agenda do diálogo. Não é a alternativa mais fácil, que seria a de não fazer nada, ou a do confronto. Mas é a estratégia pela qual acreditamos que será possível fazer as profundas mudanças que virão.
Esta retomada exige a construção de um novo ambiente produtivo, que melhore a percepção para investimentos e estimule a geração de emprego e renda. Desde a campanha eleitoral dizemos que a solução para o esgotamento financeiro do Estado passa pela movimentação da nossa economia. Engana-se quem acredita que apenas duras medidas de arrocho sobre a despesa serão capazes de equalizar as finanças. É papel do setor público garantir as bases para a retomada do dinamismo econômico, para que também pelo lado da receita se conquiste algum fôlego para investir.
Do ponto de vista da gestão da política de desenvolvimento, aquecer a economia é apostar em já conhecidas tradições produtivas - como no vigor do setor primário e na consistência da nossa matriz industrial -, mas requer, de forma complementar, o incentivo a novas perspectivas. Olhar para os fundamentos da atividade econômica enraizada no Estado, mas também, com o mesmo empenho, prospectar vocações, como a tecnológica, para que o Rio Grande do Sul engate um novo viés de geração de oportunidade. O Estado só consegue desempenhar este papel de indutor se for mais eficiente, previsível, responsável com suas contas, capaz de investir e prestar serviços - ou seja, ele precisa parar de atrapalhar as operações produtivas.
Existe uma questão psicológica, de ânimo produtivo, que nos cabe enfrentar como gestores. Hoje, o setor público gaúcho emite um sinal desestimulador para os agentes econômicos. Recuperar as nossas finanças públicas também faz parte de uma agenda de reconciliação do Estado com o seu espírito. Trata-se de um fator ambiental: nossa mensagem deve ser de otimismo, de colaboração, de parceria. Não vamos refazer a nossa capacidade de atrair investimentos se continuarmos transmitindo a imagem de um lugar hostil, onde um setor público quebrado sequer tem condições de se aliar a projetos que ampliem as nossas perspectivas de gerar, sempre mais, renda e trabalho.
A partir de critérios técnicos e políticos, montamos uma equipe comprometida com este resgate. Traçamos, para logo colocar em prática, medidas de redução de custo da máquina do Executivo, de eliminação da burocracia, de ampliação das condições de logística. Estamos determinados a fazer com que o Rio Grande do Sul volte a ser visto no cenário nacional como um lugar bom para se investir, que ofereça serviços públicos de qualidade e segurança, para que os empreendimentos produtivos fiquem aqui e multipliquem riquezas.
É urgente um choque de empreendedorismo. Em um certo sentido, é um movimento até óbvio, porque empreender está na essência do povo gaúcho. É uma vocação evidente demais para ser esquecida. Empreender está fortemente vinculado à raiz da maioria dos aspectos ligados à nossa formação histórica e econômica. Ainda hoje, talvez seja um dos traços mais característicos da nossa gente, tanto daqueles que seguiram acreditando no nosso potencial e ficaram, quanto daqueles que buscaram outros locais para colocar em prática seus sonhos e projetos.
Temos uma agenda de inovação em curso como resposta a este compromisso. Recriamos uma secretaria para cuidar do tema da inovação, justamente para aproximar todos os polos ligados ao desenvolvimento de pesquisas, à produção de conhecimento e à indústria criativa, atraindo investimentos que estavam optando por outros destinos. Temos a meta de ser referência, de disputarmos o endereço e recebermos empreendimentos da nova economia, com base digital e processos inovadores, que se acoplem de forma orgânica aos nossos polos e parques tecnológicos.
Nosso plano de trabalho tem como ponto de partida a necessidade de equacionar a administração das nossas finanças para que o Estado não seja mais um empecilho, um estorvo. Para que voltemos a oferecer soluções e respostas compatíveis com a dinâmica do nosso tempo, em que inovação, colaboração e diálogo são mais do que palavras-chave, são matérias-primas indispensáveis, é preciso restaurar a nossa capacidade de criação. Queremos um Rio Grande do Sul mais leve, focado, que restaure sua capacidade de empreender, marca com a qual atingimos os resultados mais expressivos da nossa trajetória até aqui. A grande revolução em curso é a de mentalidade e vamos preparar o nosso Estado para embarcar nela.