O cenário climático futuro é desafiador para os olivais gaúchos. Depois de registrar a safra recorde de 580,2 mil litros de azeite produzido no ano passado, com aumento de 29% em relação ao ano anterior, para este ano, a situação é oposta.
O cenário climático futuro é desafiador para os olivais gaúchos. Depois de registrar a safra recorde de 580,2 mil litros de azeite produzido no ano passado, com aumento de 29% em relação ao ano anterior, para este ano, a situação é oposta.
Com uma combinação de fatores climáticos contrários à cultura, a Secretaria Estadual da Agricultura divulgou quebra de 73% em relação ao que era projetado para a produção deste ano, de 67% em relação aos resultados do ano passado. Foram produzidos 193,1 mil litros no Estado este ano, quando a projeção era chegar aos 696,2 mil litros de azeite.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, a produção já havia reduzido no verão passado, com a seca. Depois, com o inverno que não teve o frio necessário. Em setembro, com as chuvas, segundo Fernandes, "dizimou a chance de uma nova supersafra".
"O momento é de aprendizado em uma produção relativamente nova na região. Estamos formando um grupo de trabalho para organizarmos dados e investirmos em pesquisas, especialmente na busca de variedades de azeitonas mais aptas ao estresse climático gaúcho. A ideia é termos dados como índices de chuva, temperatura e análises de regiões produtoras similares no mundo, para desenvolvermos cultivares resistentes", explica.
Atualmente, há somente 10 variedades de azeitonas sendo cultivadas entre 110 municípios no Rio Grande do Sul, com 6,2 mil hectares produtivos. Áreas nas quais, como salienta o presidente da Ibraoliva, as ações de preservação do ambiente natural são constantes como forma de minimizar efeitos das mudanças climáticas e valorizar o produto gaúcho. Nos últimos 10 anos, a estimativa é de que o setor investiu R$ 1 bilhão no Rio Grande do Sul para a sua expansão.
"É uma cultura nova e queremos começar da maneira certa, uma olivicultura sustentável. Temos a prática de manter a cobertura vegetal nos locais onde há olivais, também com a preservação de matas ciliares e cursos de rios, e isso nos diferencia no mercado em relação às produções na Europa. As propriedades também trabalham com energia solar e recolhimento, para reaproveitamento, da água da chuva. São ações de captura de carbono, com vistas ao mercado de crédito e também como uma atração a mais para a experiência de quem busca o turismo na região", comenta Renato Fernandes.
A produção de azeite
* A produção de azeite no Rio Grande do Sul em 2024 foi de 193,1 mil litros, representando redução de 67% em relação a 2023.
* As regiões da Campanha e Fronteira Oeste produziram, entre os cinco municípios com maior volume de produção na região, 7 milhões de litros de vinhos finos e de mesa, além de mosto de uva, em 2023. Neste ano, a produção de uvas teve quebra de 40% na região.
Maiores áreas de olivais nas regiões
_ Encruzilhada do Sul
_ Pinheiro Machado
_ Canguçu
_ Caçapava do Sul
_ Santana do Livramento
Fonte: Secretaria da Agricultura - 2023