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Publicada em 07 de Outubro de 2024 às 20:20

Pelotas quer ser um exemplo de cidade resiliente

Município trabalha em um projeto de revitalização do Centro pelotense

Município trabalha em um projeto de revitalização do Centro pelotense

Prefeitura de Pelotas/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Ainda em novembro do ano passado, Pelotas aprovou o seu Plano de Resiliência, que organizou toda a sua rede de monitoramento e de ações preventivas ou de socorro em casos extremos. A colocação em prática dos conceitos do plano aconteceu em maio e, ao analisar os números, é possível perceber que a reação, ou a resistência de Pelotas, foi exemplar.
Ainda em novembro do ano passado, Pelotas aprovou o seu Plano de Resiliência, que organizou toda a sua rede de monitoramento e de ações preventivas ou de socorro em casos extremos. A colocação em prática dos conceitos do plano aconteceu em maio e, ao analisar os números, é possível perceber que a reação, ou a resistência de Pelotas, foi exemplar.
"O conceito de cidade resiliente já estava sendo trabalhado por nós. Então, diante do volume de água que chegava, acionamos uma série de ações preventivas, projetando que até 100 mil pessoas poderiam ser atingidas. Ao final, foram 5 mil pessoas com água em casa. Decidimos pecar pelo excesso para não sermos surpreendidos. Foram dias de muita integração com técnicos, com a universidade e com a população. E isso nos comprova que é preciso mudar hábitos, ter a cidade mais sustentável, em conjunto com o desenvolvimento urbano e imobiliário e investimentos em prevenção", avalia a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas.
No Plano de Resiliência, foram estabelecidos 10 protocolos que prevêem planos emergenciais para os mais diversos riscos à cidade. No caso de cheias, como verificado em maio, já era prevista a organização da sala de controle e de ações rápidas por parte dos órgãos municipais para identificação de pessoas em áreas vulneráveis e a organização de abrigos.
Contra secas e estiagens, por exemplo, Pelotas planeja inclusive construções de poços, açudes e barragens, além de uma rede para garantir alimentação à população vulnerável a alguma onda de calor extremo.
A forma como o município que tem o segundo maior PIB entre as regiões retratadas neste recorte do Mapa Econômico do RS, tendo experimentado uma alta de 13,5% entre 2020 e 2021, é um diferencial na atração de investimentos. Entre 2021 e 2023, Pelotas acumulou R$ 2 bilhões em lançamentos imobiliários. É um termômetro de uma das economias mais aquecidas entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste.
"É uma cidade que está em pleno aquecimento econômico e em renovação do seu perfil, especialmente em empreendimentos comerciais. Na década de 1990, por exemplo, houve um boom de salas comerciais na área central da cidade, depois, foram 20 anos sem lançamentos. Nos últimos anos, voltamos a ter muitos lançamentos e com muitas vendas. Em média, a cada ano temos até três prédios comerciais de diversos estilos sendo lançados, e eles não se concentram mais só no Centro. Há áreas de expansão, como o Quartier, que é um bairro planejado", explica o presidente do Sinduscon Pelotas, Pedro Amaral.
Agora, para construir em Pelotas, por exemplo, a área de permeabilidade no terreno, em relação à obra, precisa ser maior, e todo novo empreendimento precisa reter pelo menos 60% da água da chuva antes de liberar para a rede, por meio de tanques de amortecimento, por exemplo. Houve ainda maior limitação a plantios e cortes de árvores. Agora, até 30% da vegetação precisa ser preservada no terreno.
De acordo com Amaral, setores como saúde, profissionais liberais e de serviços estão entre os principais perfis do consumidor dos novos imóveis que surgem na cidade.
O maior volume dos lançamentos imobiliários foi verificado em 2023, com 40% a mais do que no ano anterior. De acordo com Amaral, foi reflexo do aumento dos investimentos na área de habitação de alto e médio padrão. A partir deste ano, a perspectiva é aquecer ainda mais o setor habitacional, mas desta vez, com os anúncios das novas políticas federais para habitação social.
"Já temos 250 moradias populares aprovadas, e isso fomenta a economia local, principalmente com a legislação inovadora que aprovamos no final do último ano, concedendo benefícios crescentes aos empreendedores que investirem em moradias populares à medida em que também investirem em ações sociais e ambientais na cidade", aponta a prefeita Paula Mascarenhas.
 

A tradição comercial do município mais populoso da Região Sul

A construção civil reflete a diversificação econômica local. Enquanto Pelotas atrai R$ 30 milhões em investimentos para a expansão do Shopping Pelotas, com previsão para conclusão das obras no próximo ano, além da corrida dos atacarejos, o governo municipal trabalha em um projeto de revitalização do comércio de rua no Centro da cidade. O setor de comércio e serviços respondeu, em 2023, por 21,6% da arrecadação pelotense.
Pelotas acumula R$ 7,8 bilhões em Valor Adicionado Bruto (VAB) no setor de Serviços, o maior entre as regiões deste recorte do Estado. "O comércio sustenta muito a cidade, e nós mantemos uma característica própria, com o comércio local e central. Nos próximos anos, projetamos a criação de um centro administrativo no Centro, como parte da revitalização da região. Termos pessoas nas ruas, significa mais segurança para todos", aponta Paula Mascarenhas.
Em outro ponto da cidade, um dos principais potenciais de atração de investimentos futuros é o Porto de Pelotas, que atualmente tem as operações da CMPC como uma atividade estratégica. As instalações, inclusive, foram incluídas no pacote de aportes da multinacional, juntamente com a estrutura portuária operada em Rio Grande. A perspectiva, aponta a prefeita, é de atrair ainda mais investimentos do setor florestal nos próximos anos, especialmente com a abertura da Hidrovia do Mercosul. O porto fica às margens da Lagoa dos Patos, a 50 quilômetros do Porto de Rio Grande.

A economia de Pelotas

* Entre 2020 e 2021, Pelotas registrou aumento de 13,5% no PIB.
* Comércio e serviços respondem por 21,6% da arrecadação municipal.
* Com 130 empresas, Pelotas tem a maior concentração de beneficiadoras de arroz da América Latina.
* Josapar, Arrozeira Pelotas, Lifemed e Treichel estão entre as maiores empresas de Pelotas.

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