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Sul do RS e Fronteira Oeste tiram do papel oportunidades de desenvolvimento
Avançam os projetos de biorrefinaria em Rio Grande, parque eólico em Livramento e nova fábrica de celulose em Barra do Ribeiro
Por Guilherme Kolling
O projeto Mapa Econômico do Rio Grande do Sul se propõe a identificar as principais cadeias produtivas nas diferentes regiões do Estado, além de apontar desafios e oportunidades de desenvolvimento.
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O projeto Mapa Econômico do Rio Grande do Sul se propõe a identificar as principais cadeias produtivas nas diferentes regiões do Estado, além de apontar desafios e oportunidades de desenvolvimento.
Na primeira temporada, em 2023, foram elencadas mais de 80 iniciativas relevantes em solo gaúcho, que já são realidade ou que podem se transformar em novas molas propulsoras do PIB do Rio Grande do Sul.
Algumas estão no radar de governos e empresas há décadas, outras surgem a partir das mudanças naturais de uma economia em constante atualização. Nesse cenário, a parte Sul do Estado é vista, há anos, como uma área menos industrializada e com mais carências, embora tenha grande potencial de alavancar seu desenvolvimento.
Isso foi confirmado na primeira edição deste Mapa, no ano passado: megaprojetos de parques eólicos, produção de hidrogênio verde, um complexo bilionário com termelétrica a gás foram algumas das potencialidades identificadas nas entrevistas que realizamos com empresários, economistas, executivos, gestores públicos e privados.
Documentos do poder público e relatórios de entidades privadas também confirmavam o grande potencial da Região Sul do Estado. Mais do que isso, lideranças regionais reunidas pelo Jornal do Comércio para o painel do Mapa elencaram ainda outras possibilidades. Mas restava a pergunta: até quando tudo isso vai ficar no papel?
Um ano depois, algumas iniciativas sofreram revezes e outras avançaram. E essa é uma importante novidade desta segunda temporada do Mapa Econômico do Rio Grande do Sul: além da desafiadora tarefa de fazer uma radiografia da atividade econômica gaúcha, o monitoramento das oportunidades e desafios – ver quais projetos foram realizados e como está a solução de gargalos – permite trazer indicadores da economia.
E a notícia para a Região Sul é boa: há, pelo menos, três importantes iniciativas identificadas no Mapa de 2023 que avançaram e estão saindo do papel. São elas, uma nova fábrica de celulose, a implantação de uma biorrefinaria e a instalação de um grande parque eólico – respectivamente nas regiões Centro-Sul, Sul e Fronteira Oeste.
A oportunidade de maior vulto – e talvez a debatida há mais tempo – é a indústria de celulose. Há 20 anos, o Rio Grande do Sul tinha a expectativa de receber três grandes investimentos no setor: a duplicação da fábrica de Guaíba (na época da Aracruz), e a instalação de outras duas plantas, uma Fronteira Oeste pela empresa sueco-finlandesa Stora Enso, e a terceira na Região Sul, capitaneada pela Votorantim Celulose e Papel (VCP).
Passaram-se os anos, nenhuma dessas três empresas, por diferentes circunstâncias, realizou investimentos no Rio Grande do Sul, e os projetos ficaram no papel, a exceção da Região Metropolitana. Uma década depois, comprada pela chilena CMPC, a capacidade de produção de celulose do complexo de Guaíba foi quadruplicada com a construção de uma nova planta.
Mas os outros projetos de celulose foram engavetados. Em 2023, o Mapa Econômico levantou mais uma vez essa oportunidade para as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, tema deste capítulo. A possibilidade não se baseou apenas na história, veio em entrevistas com prefeitos, gestores públicos, produtores rurais e associações do setor da silvicultura – a expansão do plantio de eucalipto, pinus e acácia negra foi outra oportunidade identificada.
Pois bem, em 2024, o maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul foi anunciado para Barra do Ribeiro, na Região Centro-Sul. Trata-se de uma nova fábrica de celulose da CMPC, que irá investir R$ 24 bilhões para produzir mais 2,5 milhões de toneladas de celulose ao ano, a partir de 2029.
Outras iniciativas apontadas pelo Mapa que também avançaram em 2024 foram o projeto de transformar a Refinaria Riograndense em biorrefinaria, capitaneado pela Petrobras, e a instalação do parque eólico Coxilha Negra, em Santana do Livramento, empreendimento da CGT Eletrosul que, neste segundo semestre do ano, já está com aerogeradores em operação.
Outras iniciativas apontadas pelo Mapa que também avançaram em 2024 foram o projeto de transformar a Refinaria Riograndense em biorrefinaria, capitaneado pela Petrobras, e a instalação do parque eólico Coxilha Negra, em Santana do Livramento, empreendimento da CGT Eletrosul que, neste segundo semestre do ano, já está com aerogeradores em operação.
Evidentemente, outras iniciativas ainda não prosperaram. E também existem desafios. As lideranças regionais reunidas para um painel realizado na Câmara de Comércio de Rio Grande, neste mês de setembro, foram unânimes ao destacar a infraestrutura como um gargalo que prejudica a competitividade de toda a região.
Os principais pontos apontados foram a demora na conclusão da duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e o alto custo dos pedágios, o que encarece o transporte até o Porto de Rio Grande, preocupação manifestada pelo diretor-presidente do Terminal de Contêineres (Tecon) Rio Grande, Paulo Bertinetti, um dos painelistas do encontro promovido pelo JC. O monitoramento dos desafios, ver o que avançou ou não, também é proposta do Mapa Econômico.
Além disso, cabe lembrar que o tema ambiental – que já estava no foco, considerando que buscamos retratar uma economia em transformação, em que um dos pilares é a busca por sustentabilidade – ganha ainda mais atenção após a tragédia climática que atingiu o Estado.
Assim, dois eixos estão em destaque nos cinco capítulos do Mapa Econômico 2024:
1) oportunidades de desenvolvimento em uma economia que se transforma em busca de mais sustentabilidade;
2) desafios para a retomada econômica do Rio Grande do Sul após as enchentes de maio.
Este é o terceiro conteúdo especial da série Mapa Econômico neste ano. Mais uma vez, o trabalho mostra a importância da visão local sobre o desenvolvimento do Estado. Por isso, estamos realizando cinco encontros regionais. Depois de passar por Erechim (Norte), Bento Gonçalves (Serra) e Rio Grande (Sul), ainda iremos a Santa Maria (Centro), fechando o ano com um encontro em Porto Alegre.
A tarefa de radiografar a diversa economia gaúcha é ambiciosa, mas enfrentamos este desafio porque está em linha com o trabalho do JC, o diário de economia e negócios do RS.