A silvicultura é uma das apostas do Estado na transformação econômica que está no horizonte das regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Quem circula por essa área do Rio Grande do Sul já se habituou a ver no campo as áreas de florestas plantadas.
A silvicultura é uma das apostas do Estado na transformação econômica que está no horizonte das regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Quem circula por essa área do Rio Grande do Sul já se habituou a ver no campo as áreas de florestas plantadas.
São pelo menos 39 municípios dessas regiões com a silvicultura ativa, e a estimativa da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor) é de que, nos próximos anos, o setor movimente pelo menos R$ 3 bilhões no avanço de áreas plantadas de eucaliptos, pinus e acácia negra. A parte Sul do Estado - especialmente o Centro-Sul - é a mais considerada nessa projeção.
"No papel, poderá até dobrar a atual área de florestas plantadas no Estado, mas de maneira mais viável, e com possibilidade de investimentos em áreas disponíveis, imaginamos um potencial de aumento mínimo de 50% da base florestal gaúcha", estima o presidente da Ageflor, Daniel Chies.
Desde o ano passado, o setor florestal gaúcho vivia a expectativa de destravar projetos de expansão de áreas plantadas no Estado, a partir da atualização aprovada pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), após cinco anos de análise, do zoneamento ambiental para a silvicultura, que revisou critérios de disponibilidade hídrica para aprovar novas áreas de plantio.
Somente a CMPC tem plantios de eucalipto em 75 municípios gaúchos. A estimativa, para alimentar a futura fábrica em Barra do Ribeiro, é ampliar em 80 mil hectares a área cultivada nos próximos três anos, com parcerias com produtores rurais em diferentes cidades gaúchas. E, só neste ano, a multinacional investirá R$ 150 milhões no aumento de áreas plantadas. Ao todo, quando consideradas também as áreas de preservação e de manejo florestal, a CMPC responde hoje por 487 mil hectares no Rio Grande do Sul.
Em todo o Rio Grande do Sul, a Ageflor contabiliza 926,9 mil hectares plantados. São 589,6 mil hectares de eucaliptos, 282,8 mil hectares de pinus e 54,4 mil hectares de acácia negra. E essa área deve ser ampliada.
"Com a possibilidade de expansão do plantio, os investimentos em plantas industriais no Rio Grande do Sul terão um ambiente econômico muito favorável para se tornarem concretos. A logística rodoviária, por exemplo, é muito cara. Então, os investidores tentam sempre estar mais próximos aos centros de consumo. Áreas próximas da Lagoa dos Patos e do Sul do Estado são as mais adequadas hoje para o avanço das florestas plantadas", aponta Chies.
O presidente da Ageflor defende que o setor florestal tem crédito quando se fala em impactos ambientais. "É uma atividade que tem uma cadeia produtiva carbono positivo. Quando falamos em aumentar investimentos em área plantada, estaremos cada vez mais fixando estoques de carbono no solo. Talvez seja a atividade que mais colabora com isso no Estado. E ser sustentável pressupõe equilíbrio entre renda, emprego e produção", explica.
A silvicultura e sua cadeia produtiva respondem, conforme a Ageflor, por até 5% do PIB gaúcho. A entidade estima que, no Rio Grande do Sul, captura-se pelo menos 180 milhões de toneladas de gases do efeito estufa nas áreas plantadas, além de áreas preservadas dentro das propriedades florestais.
No entanto, o que os dados do relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, apontam é que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio para o setor entre o plantio de florestas e a conservação de ambientes naturais.
Encruzilhada do Sul, por exemplo, onde se concentra a maior área plantada do Estado, com 75,9 mil hectares, é listada como o terceiro município com maior volume de emissões na região, tendo capturado somente 15% de todo o volume emitido em 2022.
A mudança de ambientes naturais, como o do bioma Pampa, é apontada por especialistas como um dos aspectos potencializadores de eventos climáticos extremos, como o vivido em maio deste ano no Rio Grande do Sul.