Da euforia por receber a notícia de ser o local escolhido no Rio Grande do Sul para receber o maior investimento privado da história do Estado até a angústia de ver, na sua orla, o Guaíba avançar em um volume inédito, o intervalo foi de apenas uma semana para os moradores de Barra do Ribeiro, no Centro-Sul do Estado.
Da euforia por receber a notícia de ser o local escolhido no Rio Grande do Sul para receber o
maior investimento privado da história do Estado até a angústia de ver, na sua orla, o Guaíba avançar em um volume inédito, o intervalo foi de apenas uma semana para os moradores de Barra do Ribeiro, no Centro-Sul do Estado.
A partir do anúncio de R$ 24 bilhões da gigante CMPC no projeto de uma nova fábrica de celulose, no final de abril, o município de apenas 12,2 mil habitantes já trabalhava para uma transformação urbana planejada. O fato de dois mananciais margeando o seu território – além do Guaíba, a Lagoa dos Patos – condiciona maior urgência para este planejamento. Estudo do grupo mundial de climatologistas World Weather Attribution aponta que, com as mudanças climáticas, serão cada vez mais recorrentes episódios de chuvas extremas no Rio Grande do Sul.
A enchente de maio serviu de alerta a Barra do Ribeiro, que foi menos atingida do que outros munícipios vizinhos – foram 60 casas evacuadas. Assim, esses dois fatos – eventos climáticos e o megainvestimento da CMPC – devem impulsionar o planejamento urbano do município.
Conforme anúncio feito pelo presidente do conselho das empresas CMPC, Luis Felipe Gazitúa, as obras na área que já pertence à empresa chilena em Barra do Ribeiro têm projeção para serem iniciadas até 2026, com início da operação para 2029.
No município que espera receber a segunda planta industrial para a produção de celulose do Estado – a
CMPC já opera em Guaíba –, para que se tenha uma ideia, em 2021, o PIB era de R$ 505 milhões, ou mais de 40 vezes menor do que o investimento previsto pela multinacional.
Barra do Ribeiro poderá ter, nos próximos cinco anos, a sua população duplicada, mesmo que temporariamente, e a projeção é de que, a partir da próxima década, a arrecadação do pequeno município triplique. Além da indústria, haverá necessariamente um crescimento na oferta de serviços, como hotelaria, restaurantes e infraestrutura.
O projeto da CMPC poderá também alavancar o turismo. Em Barra do Ribeiro, a empresa já mantém a Fazenda Barba Negra, onde abriga um viveiro de mudas e um laboratório de pesquisa genética. A propriedade tem 10,4 mil hectares, dos quais, aproximadamente 2,4 mil são oficialmente reconhecidos desde 2009 como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Agora, conforme Gazitúa, a futura fábrica possibilitará a criação de um parque ecológico exemplar no município.
A nova fábrica, segundo os dirigentes chilenos, terá a tecnologia mais moderna no mundo para plantas de celulose, e será "resíduo zero", isto é, o material será transformado e reciclado.