Foi em período de crise da produção de arroz, com baixa nos preços e áreas reduzidas por infestação de pragas como plantas daninhas, que passou a ser desenvolvida a rotação dos solos em terras baixas gaúchas, no Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, entre o arroz e a soja. E se tornou, conforme o Irga, uma das mais promissoras soluções, tanto para aumentar a produtividade de grãos no Estado, quanto para reduzir significativamente o impacto das lavouras no meio ambiente.
As pesquisas mais recentes do órgão estadual indicam que a rotação com a soja reduz em até 60% as emissões em relação à monocultura tradicional do arroz, e a rotação esteve presente em 70% da safra passada, mais marcadamente na Região Sul, onde pela primeira vez houve mais soja do que arroz plantado.
Para que se tenha uma ideia, entre os cinco maiores municípios produtores de arroz na safra passada, que teve uma média de produtividade de 8,7 mil quilos por hectare (5,4% a mais do que na safra anterior), quatro têm áreas de rotação com a soja.
Por outro lado, Camaquã, Cristal, Rio Grande e Capão do Leão, conforme o IBGE, ficaram entre os 10 municípios com maior produtividade de soja no Estado na safra de 2022. Todos produzem o grão em rotação com o arroz. Enquanto a média de produtividade da soja no Estado naquela safra foi de 1,9 mil quilos por hectare, nas áreas de rotação, este índice chegou a 2,5 mil.
De acordo com o Irga, desde a safra 2009/10, houve incremento da área originalmente cultivada com arroz para rotação com soja em 45 vezes. Saltou de 11,1 mil hectares para 505,9 mil hectares na safra 2022/23.
"Inicialmente, a migração de produtores do Planalto para a Metade Sul com a soja aconteceu nas áreas mais bem drenadas, em terrenos de coxilha. O avanço para as terras baixas aumentou com a inviabilidade econômica do arroz. A soja veio para limpar as áreas que estavam infestadas e tornar o sistema viável novamente, e ainda oferecer uma nova opção de renda ao produtor", aponta a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita.
De acordo com a secretária estadual do Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, as técnicas de manejo como a rotação de culturas, além do plantio direto, são diferenciais na agricultura gaúcha quando se pensa em produzir com menor impacto ambiental. O Rio Grande do Sul, destaca ela, é um dos primeiros estados a testar técnicas de agricultura de baixo carbono.
Nas lavouras experimentais do instituto, por exemplo, passaram a ocupar espaço também o desenvolvimento de cultivares de soja resistentes à variabilidade hídrica dessas regiões, inclusive em áreas alagadas, e mais recentemente, também de milho.
Plantio de soja:
* Dom Pedrito: 151,5 mil hectares (1º no Estado)
* São Gabriel: 136 mil hectares (3º no Estado)
* Alegrete: 85 mil hectares (8º no Estado)
* São Borja: 85 mil hectares (9º no Estado)
* Santana do Livramento: 75 mil hectares (14º no Estado)
* São Gabriel: 136 mil hectares (3º no Estado)
* Alegrete: 85 mil hectares (8º no Estado)
* São Borja: 85 mil hectares (9º no Estado)
* Santana do Livramento: 75 mil hectares (14º no Estado)
Fonte: IBGE 2022
Produtividade de soja
* Camaquã: 3,7 mil kg/hec (2º no Eestado)
* Cristal: 3,7 mil kg/hec (3º no Estado)
* Rio Grande: 3,4 mil kg/hec (8º no Estado)
* Capão do Leão: 3,3 mil kg/hec (10º no Estado)
* Santa Vitória do Palmar: 3,09 kg/hec (20º no Estado)
* Cristal: 3,7 mil kg/hec (3º no Estado)
* Rio Grande: 3,4 mil kg/hec (8º no Estado)
* Capão do Leão: 3,3 mil kg/hec (10º no Estado)
* Santa Vitória do Palmar: 3,09 kg/hec (20º no Estado)
Fonte: IBGE 2022