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Publicada em 15 de Setembro de 2024 às 00:25

Tecnologia "embarcada" valoriza o gado do Pampa

CEO do Grupo Pitangueira, Clarissa Lopes fez aposta na genética

CEO do Grupo Pitangueira, Clarissa Lopes fez aposta na genética

/Grupo Pitangueira/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Não há quem nunca tenha ouvido falar sobre a tradição da pecuária e a qualidade do gado que é criado no Pampa Gaúcho. Não por acaso, 70% da produção de gado de corte do Estado é concentrada entre Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Então, por que não vender ao mundo esta genética única?
Não há quem nunca tenha ouvido falar sobre a tradição da pecuária e a qualidade do gado que é criado no Pampa Gaúcho. Não por acaso, 70% da produção de gado de corte do Estado é concentrada entre Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste. Então, por que não vender ao mundo esta genética única?
Foi o que a Clarissa Lopes, CEO do Grupo Pitangueira, em Itaqui, na Fronteira Oeste, percebeu e tratou de tornar o carro-chefe de um dos grupos rurais mais bem sucedidos da região. Hoje, a genética, seja com a comercialização de sêmen ou de reprodutores, responde por pelo menos 20% do faturamento do grupo e é uma opção crescente aos pecuaristas do Pampa.
"A agropecuária hoje é uma empresa. Precisa ser sustentável, e o gado do Pampa é diferenciado. É criado sem confinamento e com uma qualidade de pasto única. Temos hoje 12 mil cabeças registradas, todas rastreadas, e o consumidor, seja da carne ou da genética, sabe todo o histórico de cada animal. É uma exigência cada vez maior do mercado internacional, mas são aspectos que deveriam ser mais reconhecidos nas gôndolas", comenta a empresária.
Segundo ela, 75% da produção de gado da propriedade é destinada ao corte, mas o cuidado com a genética acontece em todo o rebanho. Uma vaca, por exemplo, é acompanhada com exames de ultrassom, acompanhamento do padrão de gordura, conversão alimentar e até mesmo a detecção de probabilidade de doenças enquanto está prenhe, como a predisposição a carrapatos. Todos os dados são compilados em conjunto com a Embrapa e a Ufrgs, que avaliam em laboratório cada item da genética dos animais.
"Hoje, conhecemos mais da vida da nossa vaca do que da nossa. Com essa combinação de fatores, estamos garantindo muita tecnologia embarcada no touro. Este valor agregado dá equilíbrio ao grupo, por exemplo, para plantarmos o arroz na hora certa", explica ela.
Há 80 anos a família produz em Itaqui. Há 35 anos, a partir da criação da raça Nelore, fizeram os primeiros cruzamentos com fêmeas Hereford e passaram a vender os reprodutores. Hoje, o Grupo Pitangueira é o maior vendedor de Braford do Brasil.
E se os animais garantem o lucro da porteira para fora, no lado de dentro, a rotação de solo para a produção mais sustentável de arroz é feita com a pastagem.
"Com dois anos de pastagens, o terreno está limpo para o arroz. Com isso reduzimos a área de plantio em mais de 80%, mas com maior produtividade e menor impacto ambiental", explica Clarissa.

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