O investimento anunciado pela CMPC em Barra do Ribeiro também dará um empurrão no fortalecimento da infraestrutura – especialmente hidroviária – entre as regiões Sul e Centro-Sul do Estado.
O maior aporte privado da história do Estado aponta outra oportunidade: poderá garantir um novo protagonismo ao transporte hidroviário. De acordo com a CMPC, 44% das suas movimentações de cargas já são feitas por hidrovia na região da Lagoa dos Patos. A unidade de Guaíba atualmente recebe a madeira plantada a partir do embarque em Pelotas e, após a produção, até 90% da celulose é enviada para exportação em Rio Grande, também por esta via.
Ainda em 2022, a CMPC assinou a Manifestação de Interesse Privado junto ao governo estadual para modernizar e aumentar a eficiência do terminal em Rio Grande, em conjunto com a também chilena Neltune Ports, para a criação de um terminal exclusivo para a exportação de celulose. O projeto é orçado em R$ 350 milhões, mas não há garantia de que seja executado nestes moldes, já que o governo estadual deverá abrir uma licitação para a sua execução.
Em Pelotas, onde embarca a madeira colhida na região em direção à planta industrial da empresa chilena, o terminal portuário deverá receber melhorias e uma obra viária será executada para que os caminhões tenham acesso direto, a partir da ponte sobre o Canal São Gonçalo, ao porto, não passando mais por dentro da cidade.
O aporte anunciado pela CMPC também vai alavancar exportações do Rio Grande do Sul. Somente entre celulose, pellets, cavacos e outros produtos florestais, o Estado exportou, em 2023, US$ 1,2 bilhão, e isso representa 7,7% das exportações do agronegócio gaúcho.
Entre janeiro e julho deste ano, este volume já chega a US$ 767 milhões, e responde por 9% das vendas externas do agronegócio gaúcho e 10% de todas as exportações do Porto de Rio Grande neste ano.
Como a nova indústria em Barra do Ribeiro terá capacidade para processar até 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano, mais do que os atuais 2 milhões de toneladas em Guaíba, na Região Metropolitana, e a produção é vendida ao exterior, as exportações de celulose do Rio Grande do Sul, por consequência, terão um salto.