O projeto mais arrojado de transição energética previsto para a região da Campanha promete colocar Candiota em papel de protagonismo nas cadeias produtivas de fertilizantes e de biocombustíveis do País. A partir da gaseificação do carvão, a ideia é produzir metanol, ureia e amônia, além de superfosfato. Ao todo, o projeto que seria implantado em etapas, é orçado em US$ 350 milhões – R$ 1,9 bilhão em valores atuais.
"Todo biodiesel precisa ter 10% de metanol, e este produto hoje é importado. Em Candiota, há capacidade para atender mais de 10% da necessidade do mercado nacional e 70% do mercado regional. Na sequência, o projeto poderá viabilizar a produção de ureia, amônia e o superfosfato, com condições de fornecer uma quantidade considerável de produtos fosfatados para fertilizantes. Algo que hoje também é importado pela indústria", aponta o CEO do grupo Vamtec, o empresário José Roberto Varella.
A estimativa é de que, saindo o papel, a futura fábrica produza 500 mil toneladas por ano de cada um dos produtos (metanol, uréia e superfosfato). Hoje, o Brasil importa 90% da matéria-prima necessária para a produção de fertilizantes.
A gaseificação de carvão tem ainda o potencial de ser matéria-prima para produção de hidrogênio azul, que é uma das formas de obtenção deste combustível. Conforme a Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS, Associação Brasileira do Carvão Mineral), há imenso potencial na produção de hidrogênio azul – assim como hidrogênio verde, que tem merecido maior atenção no Estado e não envolve matéria-prima fóssil. Países como o Japão atualmente importam o hidrogênio azul obtido a partir do carvão australiano, por exemplo. A produção deste tipo de hidrogênio também tem destaque nos Estados Unidos.
O grupo Vamtec pretende ter a parceria asiática da China National Chemical Engineering (CNCEC) e pode contar ainda com investidores europeus para tirar os projetos do papel. A estimativa otimista do grupo é de que em 2025 seja possível iniciar obras. Em visita a Candiota em 2023, representantes chineses da CNCEC afirmaram que, para a produção carboquímica, terão tecnologia para usar o carvão sem poluição, controlando emissões e aproveitando 99,9% de todo carvão e dos gases.