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Publicada em 15 de Setembro de 2024 às 00:25

Investimento em polo carboquímico pode dar novo uso a carvão em Candiota

Termelétrica Candiota 3 é uma das usinas abastecidas por carvão atualmente no Rio Grande do Sul

Termelétrica Candiota 3 é uma das usinas abastecidas por carvão atualmente no Rio Grande do Sul

/ARQUIVO ELETROBRAS CGTEE/DIVULGAÇÃO/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Com mais de 40% das emissões de gases do efeito estufa do Rio Grande do Sul concentradas entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, não por acaso elas estão no centro das atenções do poder público e, principalmente, de quem quer investir em alternativas para uma necessária transição energética que gere, além de produção limpa, riqueza.
Com mais de 40% das emissões de gases do efeito estufa do Rio Grande do Sul concentradas entre as regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, não por acaso elas estão no centro das atenções do poder público e, principalmente, de quem quer investir em alternativas para uma necessária transição energética que gere, além de produção limpa, riqueza.
No caso de Candiota, na Campanha, o processo envolve uma transformação. Conforme levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, o município historicamente é o maior emissor de gases do efeito estufa no Estado.
Nos próximos anos, porém, são esperados pelo menos US$ 500 milhões - R$ 2,7 bilhões em valores atuais - em investimentos para tornar a região um polo carboquímico com o aproveitamento menos poluente das imensas reservas de carvão que se concentram ali.
O Rio Grande do Sul tem 89% das reservas brasileiras, que hoje são exploradas em duas usinas térmicas listadas entre as mais poluentes e menos eficientes do País e, ainda assim, tiveram importante papel para salvar o País de um apagão de energia há três anos.
E isso deixou uma marca ao meio ambiente. Em 2021, quando as usinas termelétricas tiveram demanda recorde, Candiota chegou a 6,8 milhões de toneladas de gases do efeito estufa lançados na atmosfera, figurando como o 43º município brasileiro com maior volume de emissões. No ano seguinte, o mais recente da série do SEEG, Candiota ocupou o 60º lugar, tendo lançado 4,3 milhões de toneladas de gases, mantendo o posto de maior emissor de gases do efeito estufa do Estado.
A novidade agora é que o carvão passaria a ser gaseificado, e não mais usado em queima direta, como na produção das usinas térmicas. "Estamos muito seguros do potencial elevadíssimo do carvão em Candiota. Podemos dizer que é um pré-sal dentro do continente. Desde 2012, estudamos essa área até planificarmos projetos que poderiam ser mais viáveis e representar alternativas importantes para a economia local e para movimentar uma série de cadeias produtivas no Rio Grande do Sul", explica o CEO do grupo Vamtec, José Roberto Varella, que comanda projetos de transformação do carvão.
A empresa capixaba já tem projetos semelhantes no Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e nos Estados Unidos. Em Candiota, planeja pelo menos duas plantas industriais diferentes em uma área, inclusive, já definida no município, próximo ao local onde atualmente opera a Usina de Candiota 3.
Ambas com potencial de captura do carbono gerado pelo material fóssil. Um dos caminhos, oficializado e com previsão de operação em 2027, será a transformação do carvão em ferro silício alumínio, considerado elemento importante em ligas de aço nos processos da produção siderúrgica. Hoje o Estado não produz este material.
Esse tipo de produção já é usado em países como o Cazaquistão e, no RS, a Vamtec atuará em parceria com a alemã ICMD. Denominado Projeto Ferroligas Candiota, na primeira etapa, a fabricação de ferro silício alumínio terá capacidade de produção de 36 mil toneladas por ano, e mais adiante, com investimentos totais, em duas etapas, de até R$ 720 milhões, chegando a 62 mil toneladas por ano. No Brasil, a capacidade de consumo deste produto pela indústria siderúrgica chega a 170 mil toneladas anuais.

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