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Publicada em 20 de Setembro de 2024 às 12:13

Refinaria Riograndense é pioneira na produção de combustível limpo

Biorrefinaria terá capacidade produtiva de 800 mil toneladas de combustível de aviação sustentável (SAF) e de diesel renovável

Biorrefinaria terá capacidade produtiva de 800 mil toneladas de combustível de aviação sustentável (SAF) e de diesel renovável

Petrobras/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Os últimos 12 meses no Rio Grande do Sul, com vários eventos extremos, mostram a força das mudanças climáticas, que entram obrigatoriamente na agenda de governos e empresas. Um dos eixos da transformação da economia é exatamente a sustentabilidade. Pois uma das maiores empresas da Região Sul do Estado toma a frente neste processo.
Os últimos 12 meses no Rio Grande do Sul, com vários eventos extremos, mostram a força das mudanças climáticas, que entram obrigatoriamente na agenda de governos e empresas. Um dos eixos da transformação da economia é exatamente a sustentabilidade. Pois uma das maiores empresas da Região Sul do Estado toma a frente neste processo.
A exemplo do que aconteceu na década de 1930, quando se tornou pioneira no refino de petróleo, a Refinaria Riograndense, em Rio Grande, entra com protagonismo em uma nova mudança. Desde o ano passado, toma forma de maneira bem-sucedida a iniciativa da Petrobras, em conjunto com Braskem e Ultra, para transformar a refinaria do Sul do Estado na primeira usina convertida 100% para o biorrefino.
São investidos R$ 45 milhões no projeto que, com as cheias de maio, acabou tendo o cronograma atrasado em cinco meses. Durante a enchente, a refinaria suspendeu atividades. Agora, prevê iniciar em novembro a última etapa de testes para a produção de combustíveis a partir de óleo de soja e outros materiais renováveis, em escala industrial.
A estimativa é garantir em Rio Grande uma capacidade produtiva de 800 mil toneladas de combustível de aviação sustentável (SAF) e de diesel renovável, que representará quase metade dos dois projetos similares anunciados pela companhia no País, nas refinarias Presidente Bernardes e de Itaboraí.
De acordo com a Petrobras, o projeto começou a ser desenvolvido no final de 2021, quando, em conjunto com os acionistas, começaram a ser pensadas estratégias que pudessem ampliar o escopo de atuação da Refinaria Riograndense e alinhar esta operação às metas de redução de emissões de gases do efeito estufa da companhia.
A refinaria é considerada a principal indústria na economia de Rio Grande, respondendo por mais de 10% da arrecadação local. E a expectativa é de que a sua ação seja decisiva na meta estabelecida pelo governo municipal de neutralizar as emissões de gases do efeito estufa já em 2030.
Hoje, a partir do petróleo, tem capacidade de processar 17 mil barris por dia de gasolina, óleo diesel, nafta petroquímica, óleo combustível, GLP (gás de cozinha), além de outros derivados fornecidos à Região Sul. Este processo responde, conforme o SEEG, por 125,1 mil toneladas de gases do efeito estufa locais (10% das emissões do município).

Primeiro teste na refinaria ocorreu no ano passado

Em etapa piloto, biorrefino de 2 toneladas de óleo de soja foi bem-sucedido

Em etapa piloto, biorrefino de 2 toneladas de óleo de soja foi bem-sucedido

Petrobras/Divulgação/JC
No ano passado, o primeiro teste de biorrefino, a partir de 2 mil toneladas de óleo de soja foi bem-sucedido e o bioGLP gerado a partir do processo inédito no mundo foi comercializado com a Ultragaz. Nesta primeira etapa, foram produzidos insumos petroquímicos e combustíveis renováveis como GLP, combustíveis marítimos, propeno e bioaromáticos, usados nas indústrias da borracha sintética, nylon e PVC.
Foi identificado, ainda, que os teores alcançados de concentração de bioaromáticos são capazes de atender aos níveis exigidos para formular gasolinas de elevado desempenho, praticamente isenta de enxofre.
Na etapa de novembro, é previsto o coprocessamento de carga mineral com bio-óleo (matéria-prima avançada de biomassa não alimentar), gerando propeno, gasolina e diesel, todos renováveis.
Conforme a assessoria de imprensa da empresa, têm sido buscadas parcerias com produtores regionais de óleo de soja – uma especialidade no distrito industrial junto ao Porto de Rio Grande e em cidades próximas como Camaquã – para garantir o abastecimento da refinaria.
No teste realizado em 2023, por exemplo, o óleo foi todo adquirido de uma empresa gaúcha. No entanto, a Petrobras aponta que para a implantação do projeto, o volume de óleo necessário será superior à disponibilidade atual do Rio Grande do Sul, o que abre caminho para novos investimentos de empresas da região na produção de óleo de soja para biodiesel. Trazer o produto de outras regiões não é descartado, mas também são experimentadas outras matérias-primas com resultados positivos, como o sebo bovino.
A Petrobras mapeia produtores locais para uma futura parceria no fornecimento do produto. A empresa ainda vislumbra o potencial do cultivo de canola no Estado e também o fornecimento de matérias-primas residuais, como o óleo de cozinha usado.

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