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Publicada em 20 de Setembro de 2024 às 11:16

Porto de Rio Grande é termômetro e já mostra retomada econômica gaúcha

Volume de cargas movimentadas de janeiro a julho deste ano no principal porto gaúcho superou a marca de 2023

Volume de cargas movimentadas de janeiro a julho deste ano no principal porto gaúcho superou a marca de 2023

Divulgação Portos RS/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
"A partir do Porto de Rio Grande, conseguimos observar que a capacidade de reconstrução do Estado é muito grande. Os números mostram que tem colheita e escoamento acontecendo. Tem produção e o Estado mantém fortalecidas as suas relações comerciais com o mundo." A avaliação é do diretor-presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.
"A partir do Porto de Rio Grande, conseguimos observar que a capacidade de reconstrução do Estado é muito grande. Os números mostram que tem colheita e escoamento acontecendo. Tem produção e o Estado mantém fortalecidas as suas relações comerciais com o mundo." A avaliação é do diretor-presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.
O porto, por onde estima-se circular 30% da economia gaúcha, é, talvez, o melhor termômetro para se aferir o ritmo da retomada econômica após os eventos climáticos extremos de maio. E mesmo com a redução, durante aquele mês, de 42% no movimento de embarcações em Rio Grande em relação a maio, o retorno, especialmente com a safra positiva da soja, foi vigoroso.
Entre janeiro e julho, foram 22,7 milhões de toneladas movimentadas no principal porto gaúcho. Volume levemente superior aos 22,4 milhões de toneladas do mesmo período de 2023.
Se forem consideradas somente as cargas relacionadas à soja, o incremento chega a 20% até julho, alcançando 4,5 milhões de toneladas embarcadas em Rio Grande. "É claro que, durante algum tempo houve dificuldades logísticas para a chegada das cargas ao porto, mas o resultado positivo, que hoje coloca Rio Grande como o quinto principal porto do País em movimentação de cargas no primeiro semestre, é consequência da rápida resposta que tivemos aos eventos de maio, mostrando que temos uma estrutura competitiva e confiável. Mesmo com a paralisação nas operações em Porto Alegre e Pelotas, mantivemos durante todo o período a operação no Porto de Rio Grande, e com segurança”, explica Klinger.
Com o acúmulo de detritos trazidos pelas cheias de maio fora do comum, o calado homologado de 15 metros de profundidade chegou a ser reduzido a 11 metros. Mas a reação, para que não se navegasse "no escuro", foi também ágil. Ainda em julho, a Portos RS investiu R$ 21,5 milhões que não estavam previstos em seus planos de investimentos do ano para uma dragagem emergencial no canal do acesso ao Porto de Rio Grande.
A ação foi realizada no trecho de acesso, considerado o mais crítico, com três quilômetros de extensão. A empresa pública também entregou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a batimetria completa do complexo do porto. O órgão federal comprometeu-se com o investimento de outros R$ 18,5 milhões para a batimetria em todo o canal de navegação a partir da Lagoa dos Patos, e posteriormente custeará a dragagem também deste trecho.
Agora, as operações estão liberadas e seguras com um calado de 12,8 metros. Ao invés de reduzir o fluxo do porto pela diminuição do calado, os meses de junho e julho mostraram aceleração, somente com uma adaptação logística. São necessárias mais embarcações para escoar o mesmo volume de produtos.
Entre os portos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, a Portos RS contabilizou 2.044 embarcações nos primeiros sete meses do ano. A média mensal de embarcações teve um aumento de 2,65% entre junho e julho em relação aos cinco meses anteriores.
Além disso, a conjunção entre o porto e o distrito Porto Indústria, o maior distrito industrial do Estado, que hoje concentra 54 plantas industriais, faz de Rio Grande o principal município exportador do Rio Grande do Sul. Foram US$ 1,4 bilhão em negócios com o exterior, 14% de todas as exportações gaúchas e com uma redução de 26,5% em valores em relação ao mesmo período de 2023, a partir da cidade portuária até julho – 60% em produtos da soja –, mas, entre os 43 municípios das regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste, somente cinco figuram entre os 50 maiores exportadores gaúchos.

Os números do porto

* O Porto de Rio Grande movimentou 22,7 milhões de toneladas entre janeiro e julho deste ano, volume 1,3% superior ao mesmo período de 2023
* Foi o quinto porto de maior movimentação no País no primeiro semestre
* Entre janeiro e maio, foram 1,1 mil embarcações no Porto de Rio Grande

As exportações das regiões Sul, Centro-Sul, Campanha e Fronteira Oeste

* Rio Grande (1º do RS entre janeiro e julho): 60% de soja em grãos, triturada, óleo e outros resíduos
* Pelotas (16º do RS entre janeiro e julho): 52% de arroz
* Bagé (33º do RS entre janeiro e julho): 46% de carnes bovinas e 39% de couros
* Charqueadas (41º do RS entre janeiro e julho): 100% de ferro e aço
* Camaquã (47º do RS entre janeiro e julho): 54% de óleos vegetais de arroz
Fonte: Ministério do Comércio Exterior

Complexo portuário recebe investimentos e terá novos terminais

A perspectiva de aumento da importância do modal hidroviário para a economia da região se traduz em novos e importantes aportes. Além dos aportes previstos pela CMPC para estruturas entre os portos de Rio Grande e Pelotas, são esperados R$ 500 milhões em investimentos pela empresa Vanzin para a instalação de um novo terminal dedicado ao armazenamento e expedição portuária de grãos. O projeto está em fase de licenciamentos.
Outros R$ 37 milhões já foram anunciados em investimentos da AGM, para instalação de galpões em dois novos lotes no distrito industrial, e da Vasto Agro, para erguer uma estrutura para armazenamento, com silos, de grãos.
A maior expectativa, porém, está na licitação pelo governo federal para a dragagem e estudos da rota que pode tornar Rio Grande um porto referencial para Uruguai e Argentina, a partir da Lagoa Mirim e do Canal São Gonçalo, com a chamada Hidrovia do Mercosul. Hoje, as hidrovias internas do Estado transportam entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas. Seriam pelo menos outros 5 milhões de toneladas pela nova via.
Abriria caminho, por exemplo, para o aumento do fluxo de contêineres, além de grãos. Conforme o Terminal de Contêineres de Rio Grande (Tecon), no primeiro semestre deste ano, houve acréscimo de 22% na movimentação do terminal em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com a baixa em maio deste ano. Exporta-se três vezes mais do que se importa por este meio.

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