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Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 18:04

Laboratórios movimentam nova cadeia produtiva química em Montenegro

Unidade em Montenegro da Tanac processa tanino obtido a partir da casca das acácias, permitindo usos como insumo químico

Unidade em Montenegro da Tanac processa tanino obtido a partir da casca das acácias, permitindo usos como insumo químico

Tanac/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Depois de 50 dias com a produção parada pelos prejuízos provocados pela cheia do Rio Caí de maio em seus laboratórios, a Tanac, empresa instalada em Montenegro e um dos símbolos do objetivo de tornar o município uma referência estadual no setor químico, retoma a produção a pleno do tanino, obtido a partir da casca das acácias, e dos seus usos como insumo químico aos mais diversos setores da economia.
Depois de 50 dias com a produção parada pelos prejuízos provocados pela cheia do Rio Caí de maio em seus laboratórios, a Tanac, empresa instalada em Montenegro e um dos símbolos do objetivo de tornar o município uma referência estadual no setor químico, retoma a produção a pleno do tanino, obtido a partir da casca das acácias, e dos seus usos como insumo químico aos mais diversos setores da economia.
A partir do plantio de acácias negras especialmente em florestas plantadas na Região Sul do Estado, e do maior viveiro da espécie no mundo, com 10 milhões de mudas desenvolvidas por ano em Triunfo, a empresa tem hoje capacidade para processar 30 mil toneladas de tanino por ano. E a meta é ampliar essa produção, com investimentos de R$ 68 milhões neste ano.
"Também produzimos pellets e cavacos, a partir das florestas de acácia, mas a nossa grande plataforma de crescimento está realmente voltada à produção dos taninos. Atendemos hoje à demanda nos cinco continentes. São mais de 70 países que recebem os produtos desenvolvidos em Montenegro", explica o diretor presidente da Tanac, João Carlos Soares.
Empresa mantém viveiro em Triunfo, com 10 milhões de mudas desenvolvidas por ano | Tanac/Divulgação/JC
Empresa mantém viveiro em Triunfo, com 10 milhões de mudas desenvolvidas por ano Tanac/Divulgação/JC
A exportação de taninos já responde por 10% do que é comercializado a partir de Montenegro para o exterior. Hoje, o produto desenvolvido no Vale do Caí é usado para o tratamento de couros, água e efluentes, e também como complemento na nutrição animal.
O fascinante neste setor químico é que, ao mesmo tempo em que produz para o mercado, a estrutura da Tanac concentra pesquisas laboratoriais que têm como objetivo ampliar o espectro dos usos do tanino.
"Já temos registro no Ministério da Agricultura para o uso como fertilizante organomineral folear para os cultivos de soja, milho e feijão. E estamos evoluindo para outras culturas. Também temos o registro para servir como aditivo nutricional aos bovinos de corte. A partir da obtenção do registro, que sucede às pesquisas controladas, aumentamos a amplitude dos testes. Nestes casos, teremos muito campo para a testagem no Brasil. Claro que tivemos algum atraso nas pesquisas em virtude das cheias, mas já estamos retornando ao ritmo normal", diz o diretor.
Fundada em 1948, a Tanac é pioneira na região e hoje considerada líder mundial em produção de extratos vegetais a partir de acácia negra. Sai na frente em um movimento que ganha forma, agora, com investimentos concretos para a formatação do Polo Químico em Montenegro.
Depois da inauguração da fábrica da Cimentos Gaúcho, dos paulistas da Hipermix, com investimento de R$ 100 milhões no ano passado, e da confirmação, para os próximos quatro anos, de mais R$ 56 milhões para a ampliação da produção cimenteira no município, chegando a 150 mil toneladas de cimento por ano – 15% da demanda gaúcha – em uma área de 80 mil metros quadrados, já são pelo menos sete indústrias instaladas ou com investimentos confirmados para o novo distrito industrial. A instalação na região conta com benefícios do governo estadual, como forma de fomentar o polo.
Em abril, três empresas confirmaram um investimento total de R$ 47 milhões para novas instalações no Distrito Industrial de Montenegro, e com previsão de 180 novas vagas de trabalho na região. A Sulboro, que produz fertilizantes, destinará inicialmente R$ 25 milhões para a nova planta industrial, devendo aumentar este aporte nos próximos anos. A Alubar, que atua no setor de energia, investe outros R$ 16 milhões para produzir carretéis de madeira como insumo para a cadeia energética. E a Traçado Construções e Serviços, que atua no setor de obras e pavimentação, investe outros R$ 6 milhões para instalar um centro de armazenamento de produtos químicos e um centro logístico para estocagem de cimento asfáltico em Montenegro.

Economia circular toma forma no novo Polo Químico de Montenegro

Fundação Proamb desenvolve soluções para resíduos da indústria no Rio Grande do Sul

Fundação Proamb desenvolve soluções para resíduos da indústria no Rio Grande do Sul

Proamb/Divulgação/JC
E se os investimentos industriais em Montenegro fazem tomar forma um novo polo produtivo no Estado, este pacote de aportes também inclui a economia circular, que é parte fundamental para garantir a produção sustentável.
Estão previstas para iniciarem em 2025 as obras para criação da maior central de disposição de resíduos industriais do Estado, também no município, com capacidade prevista para receber até 10 mil metros cúbicos de resíduos da indústria a cada mês.
O projeto é da Fundação Proamb, que surgiu no final da década de 1970 justamente como uma solução para as indústrias de Bento Gonçalves, na Serra, que precisavam garantir uma destinação correta ao que sobrava da produção. Foi criada a central de resíduos em Pinto Bandeira, e a atuação da Proamb hoje vai muito além daquele polo industrial de Bento.
São 3 mil clientes que buscam na fundação, reconhecida desde o ano passado como uma instituição de ciência e tecnologia pela Finep, não apenas para a disposição do seu lixo, mas uma solução para que a cadeia produtiva siga girando.
"Não há desenvolvimento industrial sem geração de resíduos, seja em maior ou menor quantidade, a questão é como a indústria conseguirá seguir crescendo, tendo de escoar corretamente este resíduo. Somos hoje uma auxiliar da indústria nos processos de descarbonização. A partir da central de resíduos de Pinto Bandeira, o resíduo é enviado à nossa unidade de coprocessamento e blendagem, em Nova Santa Rita, onde aquele resíduo é transformado em combustível alternativo para a indústria cimenteira. Uma opção muito menos poluente, e com menor taxa de emissões, do que os combustíveis a base de petróleo", afirma o diretor industrial da Fundação Proamb, Gustavo Fiorese.
O resultado é que hoje a Proamb é um dos maiores players da América Latina no segmento de coprocessamento para geração energética. Entre as suas unidades, em Bento Gonçalves, a Proamb conta com um setor de engenharia e de laboratório. De acordo com o gestor de novos negócios da Proamb, Diego Tarragô, o objetivo é tornar esta estrutura um centro de pesquisas referencial na área de transição energética e de soluções ambientais.
"A futura operação em Montenegro será estratégica para o desenvolvimento do Polo Químico e Petroquímico da região, sobretudo pela Proamb apresentar um pacote de soluções para estes setores, como, por exemplo, o coprocessamento e a recuperação energética dos seus resíduos", resume a gerente comercial da Proamb, Caroline Couto Pereira.
Segundo Tarragô, ainda há um longo caminho para que o setor industrial gaúcho garanta melhorias concretas nos seus indicadores ambientais.
"Atuamos na Serra e, embora a região esteja entre as mais avançadas do Brasil, a maioria das indústrias ainda não tem um plano próprio de economia circular. Temos uma grande oportunidade de avançar neste sentido no Rio Grande do Sul", aponta o gestor de novos negócios.
Em alguns estados, por exemplo, a renovação de licenças ambientais já é condicionada a determinados índices de reaproveitamento de materiais, como embalagens.
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