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Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 15:42

Guaporé é vitrine do polo de joias e bijuterias no Rio Grande do Sul

Bijuterias e artefatos de joalheira também são exportados

Bijuterias e artefatos de joalheira também são exportados

SindiJoias/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Essa história iniciou lá em 1875, quando a família Pasquali chegou ao Rio Grande do Sul, em princípio, em Bento Gonçalves. João, que fazia parte da família, trabalhava como estafeta entre Bento Gonçalves e o então município de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis. Ele logo percebeu que precisava aprender outra função. Voltou à Itália e, dois anos depois, já na Serra outra vez, mas em Guaporé, passou a exercer a tarefa de ourives, ou joalheiro. Em 1909, deu início ao que se tornaria a Pasli Jóias e rapidamente formaria uma tradição que hoje faz parte do DNA da cidade.
Essa história iniciou lá em 1875, quando a família Pasquali chegou ao Rio Grande do Sul, em princípio, em Bento Gonçalves. João, que fazia parte da família, trabalhava como estafeta entre Bento Gonçalves e o então município de Alfredo Chaves, hoje Veranópolis. Ele logo percebeu que precisava aprender outra função. Voltou à Itália e, dois anos depois, já na Serra outra vez, mas em Guaporé, passou a exercer a tarefa de ourives, ou joalheiro. Em 1909, deu início ao que se tornaria a Pasli Jóias e rapidamente formaria uma tradição que hoje faz parte do DNA da cidade.
O polo das joias e bijuterias, em Guaporé, hoje movimenta, segundo o Sindicato das Indústrias de Joalheria e Lapidação de Pedras Preciosas do Nordeste Gaúcho (Sindijóias-RS), 252 empresas especializadas – praticamente todas surgidas a partir da Pasli –, de um total de 3 mil em todo o Brasil, e, no primeiro semestre deste ano, exportou em torno de US$ 2 milhões entre bijuterias e artefatos de joalheria. O município é o segundo lugar no âmbito nacional na produção de joias folheadas, com comercialização nacional e internacional.
À frente da produção da empresa pioneira no setor, Carlos Alberto Pasquali faz parte da quarta geração da família. A Pasli Jóias hoje não participa das exportações, e está limitada à produção sob demanda. Foi a forma como ele encontrou para se adaptar, especialmente após a pandemia, diante da concorrência chinesa.
"A matéria-prima é um problema para o setor. As pedras gaúchas, por exemplo, nem ficam mais no Estado. Não são lapidadas aqui e já vão para a China. Para a produção do nosso setor, ou importamos essa mesma pedra da China, ou trabalhamos com a sintética, para os folheados”, explica.
Na Pasli Jóias hoje são produzidos 1,5 mil itens de joalheria, com 20 funcionários. A linha de produção já teve 120 pessoas trabalhando, e Carlos Alberto viveu grande parte das transformações do setor.
“A tradição se popularizou na cidade a partir da década de 1980, quando entraram no mercado as linhas galvânicas, que tornaram mais fácil o manuseio do metal. A confecção ainda tem o design, que exige criatividade e humaniza bastante a produção, tornando algo único. Mas a partir da criação, o processo todo revolucionou. Hoje temos máquinas a laser para os cortes, e a tecnologia nos ajuda bastante, tanto graficamente, com o desenvolvimento das peças em 3D, como na fundição e corte”, diz o empresário.
Antigamente, lembra Pasquali, era preciso desenvolver a peça em resina e aí então criar o modelo para a linha de produção. Hoje, esse processo vai direto para as máquinas a partir do modelo em 3D.
"A linha de correntaria, por exemplo, levava uma semana para que o fio ficasse pronto, hoje fazemos isso em um turno. Há 30 anos, levava quase um mês para uma peça estampada se tornar uma matriz. Hoje, em dois dias o aço está gravado a laser", reforça.
Essa transformação abre também oportunidades na região, com a exigência de mão de obra mais qualificada para a operação deste novo parque industrial. Neste aspecto, o Senai é um dos parceiros do setor, com uma escola específica para o setor de joalheria instalada em Guaporé.
Segundo o Sindijóias-RS, a unidade de formação no município é uma referência para todo o Estado, com alunos locais, inclusive, premiados em competições internacionais de inovação. A cada semestre, são iniciadas turmas de especialistas para o setor. Neste mês, por exemplo, está iniciando um curso gratuito, custeado pelas indústrias do setor, para a formação de designer de joias e prototipagem, com 25 alunos inscritos.

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