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Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 13:35

Indústria têxtil de Caxias confecciona produtos de marcas internacionais

Pettenati tem capacidade para entregar até 700 toneladas de tecidos e 200 mil peças confeccionadas por mês

Pettenati tem capacidade para entregar até 700 toneladas de tecidos e 200 mil peças confeccionadas por mês

PETTENATI/DIVULGAÇÃO/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
Seis décadas depois da fundação, hoje é quase impossível determinar até onde chegam as peças de roupas ou tecidos confeccionados pela Pettenati, que é um dos símbolos bem sucedidos da tradição da região na produção têxtil. Entre duas fábricas em Caxias do Sul, a empresa tem a mais moderna e também mais completa malharia da América Latina. Por mês, a Pettenati tem capacidade para entregar até 700 toneladas de tecidos e 200 mil peças confeccionadas aos seus clientes.
Seis décadas depois da fundação, hoje é quase impossível determinar até onde chegam as peças de roupas ou tecidos confeccionados pela Pettenati, que é um dos símbolos bem sucedidos da tradição da região na produção têxtil. Entre duas fábricas em Caxias do Sul, a empresa tem a mais moderna e também mais completa malharia da América Latina. Por mês, a Pettenati tem capacidade para entregar até 700 toneladas de tecidos e 200 mil peças confeccionadas aos seus clientes.
Em uma das suas unidades são produzidas peças prontas para confecções de grandes marcas como a Nike, Lacoste, The North Face, Le Coq Sportif e Track & Field. Na outra, no distrito de Vila Cristina, a produção é dedicada ao desenvolvimento completo e produção de tecidos de malha circular para até 1 mil clientes das mais variadas marcas da moda ou esportivas.
"Hoje, nenhuma indústria nas Américas concorre com todas as nossas linhas. Atingimos todos os públicos, do esportivo ao estilo montanha, até alfaiataria e o usual do dia a dia. Com o maquinário extremamente flexível para seguir uma linha tão variada, na confecção, preparamos desde o tecido até a peça acabada, atendendo a todas as exigências das marcas internacionais, e inclusive atuando, hoje em dia, na criação. Já na unidade de tecidos, somente 8% do que produzimos é destinado à nossa própria confecção. O restando vai para todo o mercado brasileiro e do Mercosul", explica o CEO da empresa, Ricardo Pettenati.
Hoje, somando as duas áreas industriais em Caxias do Sul, são 75 mil metros quadrados somente em estruturas fabris. Há 60 anos, o italiano Pettenati, pai do Ricardo, deu início à pequena confecção em uma área de 35 metros quadrados. Fabricava suéteres e, assim como hoje, já aproveitava as oportunidades. A Pettenati foi a primeira empresa no Brasil a fornecer uniformes escolares para o poder público. Apenas cinco anos depois da fundação, a confecção já era exportada e, em 1971, figurava em feiras internacionais do setor.
A entrada dos asiáticos neste mercado fez reduzir a presença da Pettenati no cenário internacional a partir da década de 1980 e, na década de 1990, mais uma vez a oportunidade resultou em transformação. A marca própria deixou de existir, e a empresa firmou-se como fornecedora de tecidos para a indústria.
"Mas nós percebemos que era necessário termos um portfólio de peças confeccionadas, até como forma de abrirmos o mercado para novos clientes, então reativamos a confecção em 2003, mas especificamente para atendermos marcas esportivas internacionais. Costumamos dizer que somos clientes dos nossos clientes. E este passo foi fundamental para nos estabelecermos hoje como uma referência na sustentabilidade da produção de tecidos e confecções. Era a exigência para entrarmos neste circuito internacional, e nós aprendemos muito bem", conta o Pettenati.
Cinco anos depois, a empresa caxiense inaugurou uma nova fábrica de confecção em El Salvador, onde há isenções para se tornar competitivo no fornecimento de tecidos para o mercado norte-americano. Hoje, 55% do faturamento da empresa vem das exportações a partir de El Salvador. Lá, são produzidas 850 toneladas de tecidos por mês.
O resultado de tamanha transformação é reconhecido na produção. A empresa da Serra é a maior consumidora de poliéster reciclado das Américas. E, para o tingimento do tecido que resulta desta matéria-prima, só são usados produtos químicos não-tóxicos e corantes que não tenham metais pesados nas suas composições.
"Todo o nosso processo produtivo hoje é reciclável, sustentável. Tudo é circular, como as embalagens plásticas, que são produzidas a partir da reciclagem do nosso resíduo. O fato de exportarmos nos fez buscar soluções muito antes do restante do mercado brasileiro fazer isso. Nós fazemos há pelo menos 20 anos. Há 15, adotamos o selo Eco3 em nossos produtos. Entre as medidas adotadas estão a devolução da água que consumimos com melhor qualidade do que captamos, além de reduzirmos, nos últimos 20 anos, em três vezes o uso de água por quilo de tecido produzido. Nosso consumo de energia elétrica também está, hoje, na metade do que projetávamos", explica Ricardo Pettenati.
Para que se tenha uma ideia, enquanto o poliéster reciclado precisa ser importado a partir de El Salvador, porque não é produzido no Brasil, em relação ao algodão, foi da Pettenati a iniciativa para que, primeiro, um produtor brasileiro adaptasse seu plantio para se tornar certificado como "better cotton iniciative (BCI)", que determina se a produção é limpa. Hoje, em torno de 25% do algodão do mundo é BCI. No Brasil, este índice chega a 63%.
"Anualmente somos auditados para garantir que temos descarte zero de químicos perigosos. Hoje seríamos aprovados até na Alemanha pelos padrões ambientais que adotamos aqui", assegura o empresário.
Com 1,3 mil funcionários no Rio Grande do Sul e outros 850 em El Salvador, a Pettenati iniciou em 2022 um ciclo de investimentos pesado em atualização tecnológica. Neste ano, o investimento é ampliado em 25% para a compra de maquinário mais versátil para o setor de tinturaria e, principalmente, para processos de digitalização, automação e aplicação de inteligência artificial aos processos, em uma otimização que deve ser finalizada em 2025.

Polo das confecções

_ São 533 indústrias de confecção ativas, com 26 mil empregos diretos e indiretos entre o Vale do Paranhana e a Serra Gaúcha
_ Destacam-se neste setor: Caxias do Sul, Farroupilha, Nova Petrópolis, Igrejinha, Três Coroas, Taquara, Gramado
Fonte: Fitemavest

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