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Publicada em 20 de Agosto de 2024 às 13:00

Reconstrução do RS movimenta o polo moveleiro da Serra Gaúcha

Indústria de móveis contabiliza 2,6 mil empresas no Rio Grande do Sul

Indústria de móveis contabiliza 2,6 mil empresas no Rio Grande do Sul

Movergs/Divulgação/JC
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Eduardo Torres
Eduardo Torres Repórter
No momento da retomada da economia gaúcha após as cheias de maio, com a necessidade de reconstrução, o polo moveleiro que tem as regiões de Bento Gonçalves e do Vale do Caí como os pontos mais importantes da produção gaúcha, assume um papel fundamental. De acordo com o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), Euclides Longhi, já entre o final de maio e início de junho, o setor registrou os primeiros sinais de aquecimento. Houve crescimento de 19,2% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
No momento da retomada da economia gaúcha após as cheias de maio, com a necessidade de reconstrução, o polo moveleiro que tem as regiões de Bento Gonçalves e do Vale do Caí como os pontos mais importantes da produção gaúcha, assume um papel fundamental. De acordo com o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), Euclides Longhi, já entre o final de maio e início de junho, o setor registrou os primeiros sinais de aquecimento. Houve crescimento de 19,2% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
"O primeiro segmento a sentir os efeitos da retomada nesta reconstrução necessária das regiões atingidas pelas cheias foi o de móveis populares. A tendência é de termos incrementos importantes ainda até o final do ano, também com o segmento dos planejados, mais relacionados a empresas e residências com investimentos maiores. Tudo isso significa, além do aquecimento na produção, muitas oportunidades de emprego na nossa cadeia produtiva, que é a oitava que mais gera empregos no Brasil", diz o dirigente.
Segundo ele, hoje há pelo menos 1 mil vagas de trabalho disponíveis entre indústrias do setor moveleiro. Em Bento, conforme levantamento do CIC Bento Gonçalves, a indústria moveleira teve saldo positivo de empregos em junho, contrariando a baixa de vagas em toda a economia gaúcha. Em todo o Estado, a Movergs contabiliza 2,6 mil empresas do setor. Somente entre Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Santa Tereza, são 300.
"Durante a cheia, as vendas haviam caído a praticamente zero, mas logo já começamos a perceber a retomada. O que vinha equilibrando os números do setor no ano, e principalmente a movimentação das indústrias no polo de Bento Gonçalves, até então, eram as exportações", explica Longhi.
Segundo Longhi, há pelo menos 1 mil vagas de trabalho disponíveis entre indústrias do setor moveleiro | Movergs/Divulgação/JC
Segundo Longhi, há pelo menos 1 mil vagas de trabalho disponíveis entre indústrias do setor moveleiro Movergs/Divulgação/JC
Entre os primeiros seis meses do ano, somente entre vendas de móveis e partes de mobiliário, Bento Gonçalves registrou US$ 29,8 milhões em valores exportados. Representam 57% de todas as vendas do município ao exterior.
Entre as empresas beneficiadas pelo momento está a Multimóveis, criada por Euclides Longhi ao lado da esposa e do cunhado há 30 anos, em Bento. A cada mês a empresa produz 150 mil móveis, empregando 450 pessoas.
"Hoje a nossa produção está 100% ocupada. Nossos produtos chegam a 30 países, como resultado direto de um movimento que fizemos a partir da pandemia, quando passamos a vender somente online, a partir do nosso canal e de grandes maketplaces, como Magazine Luiza e Mercado Livre", diz o empresário.
Segundo ele, o fato de ser uma empresa fabricante de móveis de Bento Gonçalves abre portas no mercado. "Se o Brasil é o sexto maior produtor de móveis do mundo, a tecnologia de ponta para essa produção sai daqui, do Rio Grande do Sul", aponta.

Soprano manteve plano de investimentos e quer faturar R$ 1 bilhão em 2024a

Após cheias, expectativa é de aumento da demanda por itens como disjuntores, tomadas e interruptores

Após cheias, expectativa é de aumento da demanda por itens como disjuntores, tomadas e interruptores

Patrícia Dal Picol/Soprano/Divulgação/JC
A produção de móveis não é a única da região a ter protagonismo neste momento. Com plantas industriais em Farroupilha, onde surgiu, e em Caxias do Sul, a empresa dos setores de casa e construção, Soprano, manteve seu plano de investir R$ 36 milhões este ano com a preparação do seu parque fabril para ampliar a produção e atender ao mercado. A estimativa, no começo do ano, era chegar a R$ 1 bilhão de faturamento em 2024, com um crescimento de 12% em relação a 2023. Agora, a empresa já considera chegar aos 20% de crescimento.
"Vislumbramos um maio complexo, com a tragédia no Estado, mas o resultado ficou muito perto do previsto, e em julho, já entramos com muitos pedidos para sistemas de proteção elétrica. Essa demanda mais básica tende agora a aumentar, e teremos um leve aumento na produção. Estamos inclusive considerando a possibilidade de um crescimento no segundo semestre acima do previsto", diz o CEO da Soprano, Danny Siekerski.
A estimativa é de que, nestes meses após a tragédia, as empresas do setor, que têm na Serra um polo importante de produção, sejam demandadas para itens como disjuntores, tomadas e interruptores. No segundo momento, acredita Siekerski, a procura maior deve se concentrar em fechaduras, dobradiças e chaves.
"Somos muito atuantes neste segmento, e estamos muito bem posicionados no mercado, especialmente no Rio Grande do Sul. Faz parte da nossa prioridade, de tratarmos a nossa casa, que é o Rio Grande, com muito carinho", aponta.
Em torno de 15% do faturamento da empresa concentra-se no Rio Grande do Sul. Nos próximos meses, para dar conta da demanda pela reconstrução, a empresa, que tem 1 mil funcionários, deve fazer algumas contratações.
Quem também já vinha se preparando desde o começo do ano para um aquecimento no setor de construção e mobiliário era a Intral, que tem duas fábricas em Caxias do Sul. Com um investimento de R$ 100 milhões até 2025, a empresa já previa a implantação de um terceiro turno de produção, saltando de 400 para 600 funcionários, e chegando à capacidade de 675 mil peças produzidas por ano ainda em 2024. Até o final do plano de investimentos, a perspectiva é chegar a 1,5 milhão de peças anuais, entre luminárias, lâmpadas e drivers.

O polo moveleiro da Serra

_ São 300 indústrias moveleiras entre Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Santa Tereza, no maior polo moveleiro gaúcho. Também há destaque para indústrias do setor no Vale do Caí.
_ Destacam-se neste setor: Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Garibaldi, São Marcos, Caxias do Sul, Gramado, Tupandi, Bom Princípio, Monte Belo do Sul

Fonte: Movergs

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